quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O XIXI DOS BAIXINHOS



Até quando é normal fazer xixi na cama?

A enurese noturna, que nada mais é que o ato da pessoa fazer xixi na cama, é um fato cotidiano na vida de crianças de 0 a 5 anos de idade. A enurese noturna pode inclusive afetar pessoas na adolescência e, em casos raros, na fase adulta, caso não tratado corretamente. Aproveitando o tema em questão, a primeira pergunta que vem à cabeça de cada nove entre dez pais é a seguinte: por que a criança muitas vezes não consegue controlar a vontade de urinar enquanto dorme?

Acontece que até mais ou menos os três anos de idade o queridinho da família ainda não tem o completo desenvolvimento da micção, ação responsável pela coordenação dos órgãos do sistema urinário. Logicamente a formação varia conforme a criança, entretanto, somente a partir dos 5 anos ela já possui o controle diurno da micção. A enurese noturna é mais comum em meninos (três casos para cada um do sexo feminino).

O hábito de fazer xixi na cama passa a ser encarado de forma mais preocupante após o quinto ano de vida, fase em que a criança já devia ter maior controle da micção. A causa da enurese noturna pode estar relacionada a problemas psico-sociais, como crises na família (separação dos pais, brigas, medo ou falta de atenção); hereditariedade (pais que na infância também tiveram problemas semelhantes) e problemas na bexiga (instabilidade vesical e outras disfunções anatômicas).

A médica residente em pediatria do Hospital Guilherme Álvaro, de Santos/SP, Marcellina Basseto explica que os pais devem estimular desde cedo o filho a ter maior controle miccional. A especialista afirma que é fundamental que os pais exponham à criança os transtornos causados pela enurese noturna, ilustrando o pensamento de maneira educativa e nunca de forma repreensiva. "O pai deve ter calma ao conversar com o filho, procurando saber se existe algum problema que o afeta. O nervosismo na conduta pode deixar a criança ainda mais angustiada, podendo atrapalhar em vez de ajudá-la a melhorar", informa.

Como controlar o pipi durante o sono - A profissional destaca alguns exercícios simples que contribuem para a conscientização e desenvolvimento voluntário da micção. A primeira delas é levar a criança para urinar e, durante o ato, interromper a micção por alguns segundos para, em seguida, fazer com que ela volte a fazer xixi. A atividade exercita o músculo da bexiga conhecido como esfíncter, que controla a perda urinária.

Outra recomendação é fazer um calendário, onde os pais, com a participação da criança, anotam os dias em que a criança ficou sem urinar na cama. Uma terceira iniciativa visando controlar a "torneirinha" durante o sono é fazer com que a criança, acompanhada do pai ou da mãe, lave o lençol e o pijama molhado pela urina, mesmo que seja de mentirinha (roupas previamente lavadas). Nesses dois últimos casos citados, o estímulo à conscientização por parte da criança é o principal objetivo desejado.

"Ao término de cada atividade, os pais devem dar uma prenda ao filho como recompensa pela sua participação com sucesso. A atitude estimulará a seguir suas lições corretamente", completa Marcellina Bassetto.

Bruno Thadeu


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Crianças , ame-as ou ame-as ...



...Perguntas e respostas que servem como
ajuda para lidar com a criação dos filhos e na ação dos Educadores.

"Quando posso dar umas palmadas?"
A pergunta campeã dos pais nos consultórios


Sob a supervisão de especialistas, foi preparada uma lista das perguntas mais freqüentes feitas pelos pais a educadores, pedagogos e pediatras. Conheça as trinta mais comuns e as respostas da psicóloga paulista Ceres Alves de Araujo, especialista em comportamento infantil.

1. Sempre que meu bebê chora, atendo prontamente. Estou certa em fazer isso?
Não. Está errada. Ao contrário do que pensam os pais, o choro do filho nem sempre está associado a sofrimento. Às vezes, ele só quer chamar sua atenção. Nesse caso, não faz mal deixá-lo esperando um pouquinho. Só dê pronto atendimento em caso de doença.

2. Meu filho só quer colo. Devo cortar esse hábito?
Deve. Coloque-o no carrinho ou no chão, sempre sob a supervisão de um adulto. Se ele já engatinha ou anda, deixe que se desloque por seus próprios meios. Pai e mãe não podem ser táxi do filho, levando-o de um lado para outro. Isso cria uma relação de dependência muito negativa.

3. Minha filha de 1 ano se recusa a largar o peito. Que fazer?
Não tenha pressa em desmamá-la. Saiba apenas que alimentar criança no peito é fundamental até o sexto mês, útil até o primeiro ano e, a partir daí, há controvérsia no meio médico sobre sua validade.

4. Devo tirar os objetos quebráveis da vista do meu filho pequeno?
Se algum objeto pode de fato machucar a criança, substitua-o por um inofensivo. Agora, se você quer que um porta-retratos ou uma relíquia se mantenham onde sempre estiveram, explique a seu filho que não deve mexer ali. É fundamental que ele aprenda a lidar com limites.

5. Como fazer meu filho guardar os brinquedos depois de brincar e não jogar roupa no chão?
A criança precisa saber que a casa é da família, e não propriedade particular dela. Avise-a antes de começar a brincadeira: ela pode esparramar tudo. Depois, deve juntar tudo. Ajude-a a guardar.

6. Como evitar que meu filho vá dormir na minha cama?
Não há como evitar, mas leve-o de volta sempre que isso acontecer. A atitude reforça os limites e noções do que é meu, seu e nosso.

7. Meu filho se joga no chão do supermercado e fico sem ação. Como lidar com isso?
A criança não pode vencer as batalhas recorrendo ao escândalo. Em troca do silêncio, jamais ofereça compensações como um doce, brinquedo ou passeio. Também não se desgaste passando sermões. Uma saída é tirar a criança do lugar público e explicar de maneira firme que ela não pode se comportar desse jeito. Se fizer novamente, deverá ser informada de que não irá ao supermercado na próxima vez.

8. Como agir quando meu filho não divide os brinquedos com os amigos?
Insista na idéia de que, se ele não aprender a repartir o que é dele, acabará brincando sozinho.

9. Soube pela escola que meu filho morde os coleguinhas. Como devo agir?
Isso não pode acontecer. Ainda que ninguém morda sem motivo, o filho dos outros não tem nada a ver com isso. Chame-o para conversar e mostre que a agressão provoca dor. Informe que ele não pode repetir a atitude.

10. Meu filho tem sido vítima de um coleguinha que o morde na escola. Como proceder?
Isso não pode acontecer. Seu filho não vai à escola para ser vítima de ninguém. Reclame com a direção da escola e cobre uma providência. Mas jamais entre em confronto com os pais do agressor.

11. Como ensinar meu filho que não se pode ganhar todas?
Ninguém quer perder. Para vencerem, muitas crianças roubam no jogo, mudam as regras. Não permita que isso aconteça. O filho pode achar que os fins justificam qualquer meio. É fundamental que ele conquiste a vitória pelos próprios méritos.

12. Quando posso dar umas palmadas?
As palmadas são um testemunho da incompetência dos pais como educadores. A criança pode até obedecer, mas o faz por medo de apanhar, e não por respeito. Um olhar seguro e bem dado é, sem dúvida, muito mais eficiente.

13. Castigo funciona?
Funciona, sim. Ele alivia a culpa da criança, que paga o que estava devendo e tem direito a novos créditos. O castigo também age como disciplinador. Ele atirou um brinquedo contra a parede? Fica sem brincar com outro brinquedo por um ou dois dias. Uma falta grave pode ser castigada com a retirada de atenção. Você pode dizer que gosta muito de seu filho, mas ficou chateada com o que fez e não vai falar com ele durante um certo tempo.

14. Meu filho só faz o que peço quando grito. Como saio dessa situação?
O grito é um mau hábito. Ele não impõe disciplina. Um diálogo eficiente deve ser feito face a face, num tom de voz normal – ainda que você precise repetir a instrução para a criança.

15. Devo sempre explicar por que estou dizendo não?

Não. Até os 5 anos, a criança não deve receber muita explicação. Ela apenas quer autorização para fazer algo.


Outro dilema freqüente dos pais:
"Meu filho só faz o que peço quando grito. Como saio dessa situação?"




16. Às vezes, depois de dizer não a meu filho, vejo ódio nos olhos dele. Como evitar isso?
Fique firme. Quando contrariada, a criança sente muita raiva, sim, e não raro deseja que o pai ou a mãe morram. Mas é esse seu lado mau, o de impor limites, que faz a criança crescer. Seu "não" será ruim hoje, mas ótimo amanhã.

17. Quando digo sim, meu marido diz não. Meu filho irá perceber nossa incoerência?
Provavelmente já percebeu. Mãe e pai até podem ter idéias diferentes a respeito da educação do filho, mas não devem demonstrar isso à criança. Acabam se desqualificando e perdendo a autoridade. O ideal é chegarem a um consenso antes de estabelecer regras.

18. Devo deixar minha filha vestir o que ela quer?
Não. Para ir à escola, ela deve seguir as regras propostas pela direção. Fins de semana admitem uma flexibilização. Não faz sentido insistir para que use uma calça A se ela quer vestir a B. No entanto, não se deve aceitar que saia de microssaia num frio danado. O melhor é combinar antes para evitar discussões de última hora.

19. Meu filho tem o direito de me interromper quando estou conversando com amigos?
Não. Verifique, no entanto, se ele tem recebido de sua parte a devida atenção. Pais ocupados demais excluem a criança da agenda e ela passa a ver toda pessoa – seus amigos, no caso – como competidor. Qualquer que seja a razão, contudo, a criança deve aprender a conviver com limites.

20. Há algum segredo para ensinar meu filho a cumprimentar as pessoas?
Até os 5 anos, a criança é muito seletiva. Tem horror ao diferente e às vezes implica com alguém por causa de um perfume, de um beijo melado ou de uma voz mais aguda. Então não há muito a fazer nesse sentido, a não ser dar o exemplo.

21. Como reagir se minha filha me bate quando me nego a fazer o que ela pediu?
Esse tipo de comportamento precisa ser coibido. Você não tem o direito de bater nem o dever de apanhar. Recriminar é também educar.

22. Meus filhos vivem brigando e normalmente preciso intervir. Como saber quem tem razão?
Tentar descobrir quem é o culpado leva a punições injustas. Em caso de brigas sérias, castigue os dois – e no mesmo grau.

23. Meu marido fala palavrões e nosso filho faz o mesmo. Como evitar que isso continue a acontecer?

O certo é atacar o mal pela raiz: o pai.

24. Já peguei meu filho mentindo mais de uma vez. Há meios de evitar que isso vire um vício?

Às vezes, a criança falta com a verdade porque está se sentindo acuada. Para eliminar as mentiras, colabore e evite os impasses. Digamos que você queira saber se ela guardou os brinquedos no lugar. Em vez de perguntar: "Você guardou o carrinho no lugar?", prefira algo do tipo: "Não sei se você guardou direito o carrinho. Vamos dar uma olhada?".

25. Meu filho não come nada. Como fazer com que se alimente melhor?
Cabe aos pais montar um prato com os ingrediantes de uma alimentação balanceada. Se a criança não quiser comer, deverá ser informada de que só voltará a ter direito a comida na próxima refeição. E nada de ceder à tentação e deixá-la beliscar fora de hora.

26. Meu filho só quer comer em frente da televisão. Como levá-lo à mesa?

Lugar de jantar ou almoçar é à mesa – com a TV desligada. Crianças habituadas a comer diante da televisão estão mais propensas a engordar na adolescência e na vida adulta.

27. Quando viajamos, devo carregar os alimentos de que meu filho gosta?
De casa, leve apenas remédios. Viagens em família são uma ótima oportunidade para mudar maus hábitos alimentares da criança. Vai ser ótimo para que aprenda a lidar com o mundo exterior.

28. Como evitar que meus pais estraguem meus filhos?
Os netos extrapolam porque os avós querem se divertir, não educar. Quando a criança volta para casa, deixe claro que as regras são outras.

29. De que forma se pode convencer uma criança a escovar os dentes após as refeições?
Fale sobre os riscos da cárie e conte com a ajuda do dentista. Ele vai saber explicar de forma divertida como fazer a higiene e respaldar aquilo que você vinha dizendo havia tempos. Em casa, reforce os ensinamentos do profissional.

30. Depois que me separei, acho que afrouxei os limites que impunha ao meu filho. Devo retomar o modelo anterior?
Imediatamente. Compreende-se que pais separados temam a rejeição. Mas nunca se deve deixar que isso atrapalhe na disciplina. Todas as crianças precisam de limites. A dificuldade adicional, nesse caso, é que pai e mãe precisam estabelecer limites conjuntos para evitar ordens contraditórias.

Ceres Alves de Araújo é psicóloga e professora de pós-graduação da pontifícia Universidade Católica Claudio Rossi




sexta-feira, 4 de junho de 2010

Adaptando-se à Nova Escola




O medo de mudar de escola é comum a quase todos os alunos. Ele ocorre pelo menos uma vez na vida. Seja qual for a idade do estudante, os problemas podem aparecer no relacionamento com os outros alunos e no aprendizado. Cada criança ou adolescente tem seu ritmo de adaptação – e o que é considerado normal para um pode não ser para outro. Entre os sinais de que algo não vai bem estão o isolamento, o desânimo para fazer a lição de casa, dores de cabeça e insônia.

Eis algumas dicas para se antecipar aos problemas de adaptação – da pré-escola ao ensino médio.

NA EDUCAÇÃO INFANTIL



Algo não vai bem se…
Há choro excessivo por mais de três meses, apatia e falta de apetite. A criança pode regredir em relação a chupeta, mamadeira e xixi na cama.

Dá para evitar se…
A escola deixar a criança levar de casa algum objeto pessoal, como uma boneca, e estiver diariamente em contato com os pais.

NO ENSINO FUNDAMENTAL


Algo não vai bem se...
O aluno está isolado na hora do recreio, perde objetos constantemente, esquece o material da escola e se recusa a fazer trabalho em grupo.

Dá para evitar se…
Os alunos antigos prepararem uma recepção inclusiva e os pais conversarem sobre as perdas e os ganhos com a criança.

NO ENSINO MÉDIO

Algo não vai bem se…
O desempenho acadêmico cai, o aluno demonstra vontade de faltar várias vezes e há recusa a tudo que lembre a escola.

Dá para evitar se…
O adolescente participar do processo de escolha da nova escola e os professores estiverem atentos às panelinhas

OS 5 MEDOS DOS ALUNOS NOVOS


O ranking das situações que mais apavoram as crianças

Ficar sozinho na hora do recreio
Ganhar um apelido na primeira semana.
Ser o último escolhido para um trabalho em grupo.
Tornar-se o centro das atenções em sala de aula.
Perder-se dentro da escola.
A ADAPTAÇÃO DOS PAIS
O que fazer para não deixar seu filho ainda mais ansioso e garantir um bom começo de ano.

Os pais erram quando:

Perguntam demais na primeira semana
São autoritários na escolha da escola
Exigem resultados imediatos
E acertam quando…

Aguardam o retorno dos filhos
Decidem o novo colégio juntos, se a criança tem idade para isso
Dão tempo e estímulos para que ela melhore.
OS MITOS DA ADAPTAÇÃO
Sorriso no rosto e boas notas não garantem sucesso na nova escola. As crianças devem ser avaliadas em seu desempenho acadêmico e social

Criança Feliz
O choro não é o único sintoma da falta de adaptação. Pelo contrário, entre os pequenos, ele é parte do processo. A criança que vai bem à escola mas não toma o lanche e está apática no recreio pode estar sofrendo.

Boletim Azul
Boas notas podem ser a válvula de escape das crianças de 8 a 12 anos. Apegar-se ao conteúdo pode ser a forma de se afastar do medo de não ser aceito pelo grupo.

Aluno Popular
A adaptação social pode ocorrer bem, mas o aluno pode sofrer com as mudanças do novo método de ensino. Se as notas caem, é preciso investigar.

Uma dica para pais que temem o isolamento do filho é criar atividades extra curriculares dentro da escola. Mas sempre com bom-senso, para não prolongar a tortura ou sobrecarregá-lo. Promover encontros com os velhos amigos também é uma alternativa. Vale até visitas na escola antiga, mas com uma ressalva. É preciso deixar espaço para novas amizades, para a criança não deixar de seguir em frente.

Fonte: Revista Época, 8 de fevereiro de 2010, Págs. 88-89.

sábado, 29 de maio de 2010

Só Brincar?



Muitas pessoas acreditam ainda hoje que uma criança na Educação Infantil só "vai " para Escolinha "brincar". Será?

O que faz uma criança em uma Escola de Educação Infantil?

Brinca. Certamente brinca. Começa a fazer amigos, passa horas felizes convivendo com crianças e adultos que não são seus familiares.

Não é apenas isso o que acontece.
Até os 6 anos, a criança viverá uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais rica quanto mais qualificadas forem as condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de uma base sólida que influenciará todo o desenvolvimento futuro dessa criança.

Por isso, é extremamente necessário que a Escola de Educação Infantil, seja
(sem abrir mão de ser um espaço para o livre brincar), um ambiente extremamente afetivo,com um cotidiano rico e diversificado de situações de aprendizagem planejadas para desenvolver as linguagens e as emoções e estabelecer os pilares para o pensamento autônomo.

Toda escola de Educação Infantil precisa ter certeza do que quer desenvolver na criança.

Assim, para formar uma criança saudável e desenvolver sua capacidade de aprender a aprender, sua capacidade de pensar e estabelecer as bases para a formação de uma pessoa ética capaz de conviver num ambiente democrático, propondo atividades que desenvolvam um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores adequado a cada faixa etária.

Leitura e Escrita, Inglês, Artes Plásticas, Música, Filosofia, Conhecimento da Natureza e da Sociedade, Educação do Movimento – em todas as atividades o aluno não é absolutamente aquele estudante passivo da educação tradicional, mas um aluno participante, ativo no processo de construção do conhecimento.

Como trabalhar Com Educação Infantil?



Sendo a Educação Infantil a fase inicial da vida escolar da criança, necessário se torna que os profissionais envolvidos neste processo - especialmente educadores - apresentem aspectos condizentes à realidade em questão. Certas características devem ser observadas ao se contratar este profissional e eticamente falando - ao assumir a responsabilidade de se trabalhar com crianças. Foram elencadas abaixo vinte dicas e características que um profissional deve ter para realizar um trabalho prazeroso e significativo com crianças pequenas,

1- GOSTAR DE CRIANÇAS é imprescindível que o profissional goste de crianças , afinal nesta fase elas exigem paciência e amor a todo momento. Pressupõe-se que quem gosta de crianças, goste também de trabalhar com elas. O trabalho com pequenos requer disposição, carinho, responsabilidade e uma energia imensa proviniente somente de quem gosta do que faz.



2- AGILIDADE é uma característica de peso considerável, pois a criança corre, pula, caí, levanta, descarrega energia e se envolve em situações repentinas de risco, onde a agilidade do profissional pode evitar acidentes graves com os pequenos.



3- BOM PREPARO FÍSICO
, nesta fase a maioria das brincadeiras são realizadas no chão, em rodas de conversa ou em círculos programados para as atividades, para tanto o profissional necessita de boa disposição física para sentar, levantar, pular, engatinhar, enfim participar de todas as atividades que propõe à criança. Além do que, os pequenos adoram presenciar adultos executando as mesmas atividades que eles.



4- SER ÉTICO, assuntos relacionados à instituição e suas famílias devem ser preservados. Nesta fase é comum crianças comentarem intimidades das famílias - estes casos ajudam os profissionais a conhecerem a realidade de vida da criança - e também alguém da família procurar apoio , confiando seus problemas a pessoas que trabalham na Instituição. Todavia, estes fatos somente poderão ser comentados em casos extremos- a pessoas especializadas ( Pedagogos, Psicopedagogos, Psicólogos e Assistentes Sociais) e com a aprovação da Equipe dirigente da Instituição. Tratar aos colegas com respeito e cordialidade, evitando brincadeiras desnecessárias e abusivas, afinal a criança observa o professor e o imita a todo momento.



5- SABER OUVIR OS RELATOS INFANTIS,
nestes momentos o profissional poderá detectar possíveis problemas de várias naturezas, pelos quais a criança poderá estar passando - ou até mesmo sobre sua personalidade.



6- SER FIRME E AMÁVEL AO MESMO TEMPO, a criança testa o adulto a todo instante e quando percebe que está vencendo, se torna indiscilplinada e resistente às regras de convivência. Porém, a amabilidade deve ser cultivada, assim a criança se sentirá segura, afinal está em um ambiente onde todos são estranhos a ela. Então, caberá ao educador conciliar ambos aspectos, ponderando suas atitudes e conscientizando a criança sobre seus deveres, sempre que necessário.



7- RECEBER BEM OS PEQUENOS E SEUS FAMILIARES, os pais precisam se sentir seguros em relação ao local e às pessoas em que estão confiando seus filhos. Portanto, o profissional deve recebê-los sempre com cordialidade, esclarecendo suas dúvidas, tranquilizando-os em seus anseios, se disponibilzando a atendê-los quando necessitarem e utilizando estratégias que motivem a criança a gostar de ir para a instituição.



8- SER CRIATIVO, o planejamento pedagógico deverá nortear o trabalho do educador, todavia, poderá ser alterado sempre que a atividade proposta não estiver despertando o interesse da turma, para isso o profissional deverá ser criativo e tornar a atividade em questão mais prazerosa ou até mesmo lançar mão de outra atividade. Elaborar um plano de aula focado em situações cotidianas das crianças ou da Instituição, encontrando ou criando músicas, histórias, jogos, atividades e brincadeiras que enfatizem o tema do planejamento é uma ótima estratégia para um trabalho diversificado.



9- QUERER APRENDER, a todo momento surgem fatos inesperados quando o assunto é criança, e nem sempre o profissinal está preparado para resolver tudo o que acontecer, portanto, deverá ter humildade para pedir ajuda e querer aprender com os mais experientes.



10- UTILIZAR ROUPAS ADEQUADAS, caso a instituição não adote uniforme, o ideal é camiseta e calça de malha ou jeans - mais largo - para não prejudicar o desempenho das atividades, e tênis ou sandálias rasteirinhas. Roupas decotadas, saias, sandálias de salto, roupas apertadas, transparentes, miniblusas ou tomara que caia devem ser evitados, pois além de inibir o trabalho do profissional, desperta a tenção de pais, colabores, profissionais e demais pessoas envolvidas no processo.



11- NÃO DEIXAR AS CRIANÇAS SOZINHAS, ter consciência de que as crianças não podem ficar sozinhas em nenhum momento, caso tenha necessidade de se ausentar do espaço onde se encontra com a turma, peça a uma criança que chame outro profissional para assumir seu lugar temporariamente. Um segundo sozinhas, os pequenos cometem atitudes inesperadas.



12- JAMAIS DÊ AS COSTAS ÀS CRIANÇAS, ao falar com alguém na porta da sala - ou em qualquer outro espaço - jamais dê as costas às crianças, em fração de segundos acontecem muitos problemas sem que o educador esteja vendo.



13- TRABALHAR SEU TOM DE VOZ, não falar em tom áspero, irônico e volume alto - assim a criança só compreenderá suas solicitações quando as mesmas forem feitas com gritos. O ideal é manter um tom baixo e calmo, todavia caso haja necessidade de uma alteração, que não haja grito e sua mudança na tonalidade da voz..



14- GOSTAR DE MÚSICA, nesta fase a musicalização é muito utilizada. O profissional deverá gostar, conhecer e querer aprender mais e mais músicas, de preferência acompanhadas de gestos que ajudam muito no desenvolvimento infantil.



15- SABER CONTAR HISTÓRIAS, sim pois contar histórias não é ler o livro - é contar com emoção, despertando a curisidade e a imaginação da criança.



16- CONHECER AS ÁREAS DO CONHECIMENTO A SEREM TRABALHADAS: Racíocinio lógico matemático, Linguagem oral e escrita, Psicomotricidade, Áreas Perceptivas, Conhecimento Social, Áreas de expressão artística e cultural, Valores Humanos,Religiosidade, Consciência Ecológica e Conhecimento físico - elaborando seu plano de aula enfatizando todas as áreas.



17- LER E EXECUTAR A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O REGIMENTO DA INSTITUÇÃO, assim o trabalho do profissional terá embasamento teórico e sustentabilidade pedagógica.



18- SABER ELABORAR PROJETOS DE AÇÃO PEDAGÓGICA envolvendo temas atuais, o trabalho com projetos facilita o trabalho do educador, porém, estes projetos devem ser executados com criatividade envolvendo temas de interesse das crianças e ao mesmo tempo objetivando uma conscientização sobre o tema proposto. Os projetos devem ser constantemente avaliados, caso contrário, não terão significado ao processo educacional.



19- DECORAR E REDECORAR O AMBIENTE SEMPRE QUE NECESSÁRIO, os olhos da criança se cansam com facilidade de determinadas decorações, para evitar esta situação, o ideal é utilizar cores claras, tons pastéis e desenhos acompanhados de paisagens, passarinhos, vales, árvores e flores, pois acalmam os pequenos.



20- RESERVAR UM ESPAÇO NA SALA PARA EXPOSIÇÃO DAS PRODUÇÕES DAS CRIANÇAS
e convidar os demais profissionais da Instituição, bem como os familiares dos pequenos, para visitarem a exposição de trabalhos delas. Pode-se colocar um nome na exposição e um pseudônimo para o autor da obra. Expor trabalhos nos corredores de entrada da Instituição - de forma criativa, sempre identificados e relatando os objetivos- também apresenta bons resultados.



É importante ressaltar que não há receita pronta para se trabalhar em nenhum nível educacional, mas a troca de experiências tem garantido excelentes resultados aos profissionais. Entretanto, a chave do sucesso de qualquer trabalho consiste em gostar do que faz. Quando se faz o que se gosta, as barreiras se tornam transponíveis e as amarras mais frouxas.

Angela Adriana de Almeida

Formada em Magistério Graduada em Pedagogia com Supervisão Escolar; Especialista nas áreas de Psicopedagogia Institucional; Docência Universitária e Inspeção Escolar.Trabalho como professora de Ensino Fundamental nas redes Estadual e Municipal,ministro minicursos e palestras com os temas Respeitando e Convivendo Com as Diferenças e Bullying em diversos contextos sociais.

Tou com Medo!!!!



As Formas do Medo

Assim como quem monta um complexo castelo de blocos, também os medos vão sendo inseridos aos poucos...
Nosso cérebro foi programado pela natureza para aprender qualquer coisa, assim aprender é simples e fácil, difícil mesmo é largar o aprendizado que já não nos serve, a exemplo dos vícios, das manias, das paranóias. Claro que criança não nasce com medo, especialmente com as causas, os indutores que suscitam esse medo. Uma forma de suscitar medo, o medo do escuro, por exemplo, possui em seu lastro, toda uma história criada pelos adultos, que diz respeito aos adultos, e estes são os mitos, as tradições de todos os tempos, que conceituaram a escuridão como um atributo de coisa ruim. É como a história da mãe que, não desejando que o filho a desobedeça, se vale da falta de visibilidade que existe na escuridão da noite, e o induz a crer que, dali sairá um Bicho Papão, para pegá-lo, caso não se comporte. A partir desse ponto, a simples menção do escuro, já o condiciona a ter medo, não do escuro, mas das coisas que podem surgir de dentro dele, para lhe fazer mal.
É imaturo de nossa parte, quando imaginamos que o tempo, resolverá por si mesmo os nossos problemas existenciais. Basta olhar nosso passado. Basta retroceder no tempo, e teremos como resposta um homem que ciclicamente se repete, conservando assim seus conflitos, suas preocupações com a morte e a vida, sem conseguir se libertar de suas angústias mais primárias, como o medo de ficar só, suas ansiedades, e o medo de perder tudo. A raiz "Medo" continua a fazer parte dos seus dias, desde o tempo quando ainda era um animal, menos racional do que o é hoje em dia. Então estamos diante de um quadro que se repete, porque nós somos o meio através do qual ele se recicla permanentemente, e desejamos saber por que esse homem, depois de tanto progresso científico obtido, ainda não consegue ser feliz, viver em paz e livre do todo o antagonismo que acompanha seus passos através das gerações.
Podemos imaginar uma criança, sua mente, como uma folha de papel em branco, onde qualquer roteiro pode ser escrito. Quando se analisa um comportamento infantil, que tende a acompanhá-la até a fase adulta, precisamos compreender que tal comportamento, ou personalidade, ou inclinações para uma ou outra coisa, são estados emocionais que já existem em todas as sociedades, logo, ela apenas absorve aquilo que já existe como prática corrente, e aceita como coisa válida. Tais práticas já foram incorporadas ao cotidiano dos adultos, aperfeiçoadas ao longo de incontáveis gerações, e tudo que lhes resta agora é absorver tudo isso, sem direito algum à escolha. Podemos escolher por onde caminhar, jamais a aprender a andar.
Um dos maiores equívocos dos adultos é julgar a criança a partir de si mesmo. Ele sequer é capaz de compreender que o estado emocional de uma criança, ainda está em fase de desenvolvimento, ainda carece de muitas experiências e memórias para, talvez, se equiparar a sua. Mas, a criança sabe imitar, e isso ela não aprende, é um atributo de berço. Poderá, no entanto, tornar-se um mestre em imitação, trabalhar à perfeição essa qualidade que lhe é inata. Por isso mesmo, copiará dos adultos a maioria das suas manias, sejam elas inúteis ou úteis.
Um animal é domesticado através do hábito de imitar, e isso requer uma mente simples.
Será também esse nosso destino inflexível?
Quando se tem medo, a primeira reação é tentar evitar a causa desse medo. E a fuga da causa do medo se torna mais importante que o medo em si. Mas, do mesmo modo que a estrutura de um prédio se apóia em seus alicerces, a fuga, apenas fortalece esse medo, se tornam os alicerces da sua existência. Podemos evitar as causas do medo, mas ele permanecerá em nós amparado pelo meio de fuga. E a fuga se torna uma proteção parcial, ilusória, enquanto o medo em si, continuará a existir, intocado, como se fosse uma coisa sagrada que devesse ser preservada, até do nosso olhar.
Quando criamos a comparação como medida para classificar coisas e pessoas, criamos também as bases do medo. E o desejo de ser maior, melhor, mais belo, mais inteligente, mais qualquer coisa, que vê o nosso semelhante como aquele que deve ser superado, vencido, torna-se um objetivo natural. E numa disputa, inevitável é que não exista o medo. Medo de não conseguir, de ser superado, de ser inferiorizado, de se perder qualquer coisa. No momento que recompensamos nossos filhos com elogios fáceis, ou presentes, pelo simples fato de cumprirem suas obrigações, estamos também incutindo em suas mentes a barganha, a troca de favores, como o único caminho para se conseguir alguma coisa. E a criança não mais verá os outros como seres humanos iguais a si mesmo, mas como simples objetos que podem ser comprados para servir aos seus desejos.
Jamais será capaz de respeitar alguém, nem aqueles aos quais criou algum tipo de dependência, que sejam capazes de lhe favorecer, atender às suas vontades. Uma criança aprende a ter medo. Evitar uma conhecida coisa, algo que sabidamente seja capaz de nos causar danos físicos, é prudência, é uma estratégia de sobrevivência, é o medo natural, saudável, o único que existe. Criar mentalmente situações que presentemente não existam como fatos concretos diante de nós, isso é o medo psicológico, trata-se de uma deformação na lógica do pensamento, é o medo virtual, o medo que não existe. As bases desse medo psicológico, isso nos é ensinado, quando nossos pais nos ameaçam, para cumprirmos nossas tarefas infantis, ou nos comportamos em casa, não fazermos barulho, ou escovarmos os dentes, etc.
Dessa base inicial, todas as causas de nossos medos são criadas. Da mesma forma que aprendemos a gostar de ganhar presentes, ou elogios, também passamos a temer os opostos dessas coisas. Então nos tornamos mais temerosos, mais inseguros em nossas ações, e nossa criatividade é substituída pelo desejo de imitar. Imitar é mais simples, basta seguir as ordens e direções já traçadas, basta que nunca nos desviemos das normas estabelecidas. Assim, a conformação, com qualquer tipo de situação, seja ela má ou boa, é tudo que mais desejaremos.
Por isso, o temor às críticas, e a constante sensação de que somos observados o tempo todo por um censor dos nossos movimentos, até do nosso pensar, nos impedirá se sermos espontâneos, uma vez que isso pode não ser permitido, por aqueles que apenas esperam o momento de nos castigar. O conflito interior é inevitável, e lutaremos a vida inteira para nos livrar desse observador, desse cobrador insaciável, que insiste em exigir de nós conformismo, que façamos a sua vontade, nunca a nossa. Por fim, uma criança pode crescer livre de todos os medos, exceto os saudáveis, que já foram citados antes. Os pais podem cuidar disso, desde que eles próprios sejam capazes de lidar com os seus. Quando estamos dispostos a examinar a estrutura do medo, e não das coisas que nos despertam esse medo, vamos descobrir que se trata apenas de um artifício da mente, uma anomalia em seu funcionamento, que podemos chamar de falta de compreensão. Assim, explicar aos nossos filhos, desde cedo, como nós pais, ou adultos, criamos a maioria das causas dos seus medos, com a intenção de controlá-los, é de vital importância, e um gesto de coragem e honestidade. Afinal de contas, existem muitas outras formas de conseguirmos disciplinar e colocar ordem em nossos filhos, sem o uso de tais artimanhas perniciosas.

Jon Talber -
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Ester de Cartago -
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