sábado, 29 de maio de 2010

Só Brincar?



Muitas pessoas acreditam ainda hoje que uma criança na Educação Infantil só "vai " para Escolinha "brincar". Será?

O que faz uma criança em uma Escola de Educação Infantil?

Brinca. Certamente brinca. Começa a fazer amigos, passa horas felizes convivendo com crianças e adultos que não são seus familiares.

Não é apenas isso o que acontece.
Até os 6 anos, a criança viverá uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais rica quanto mais qualificadas forem as condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de uma base sólida que influenciará todo o desenvolvimento futuro dessa criança.

Por isso, é extremamente necessário que a Escola de Educação Infantil, seja
(sem abrir mão de ser um espaço para o livre brincar), um ambiente extremamente afetivo,com um cotidiano rico e diversificado de situações de aprendizagem planejadas para desenvolver as linguagens e as emoções e estabelecer os pilares para o pensamento autônomo.

Toda escola de Educação Infantil precisa ter certeza do que quer desenvolver na criança.

Assim, para formar uma criança saudável e desenvolver sua capacidade de aprender a aprender, sua capacidade de pensar e estabelecer as bases para a formação de uma pessoa ética capaz de conviver num ambiente democrático, propondo atividades que desenvolvam um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores adequado a cada faixa etária.

Leitura e Escrita, Inglês, Artes Plásticas, Música, Filosofia, Conhecimento da Natureza e da Sociedade, Educação do Movimento – em todas as atividades o aluno não é absolutamente aquele estudante passivo da educação tradicional, mas um aluno participante, ativo no processo de construção do conhecimento.

Como trabalhar Com Educação Infantil?



Sendo a Educação Infantil a fase inicial da vida escolar da criança, necessário se torna que os profissionais envolvidos neste processo - especialmente educadores - apresentem aspectos condizentes à realidade em questão. Certas características devem ser observadas ao se contratar este profissional e eticamente falando - ao assumir a responsabilidade de se trabalhar com crianças. Foram elencadas abaixo vinte dicas e características que um profissional deve ter para realizar um trabalho prazeroso e significativo com crianças pequenas,

1- GOSTAR DE CRIANÇAS é imprescindível que o profissional goste de crianças , afinal nesta fase elas exigem paciência e amor a todo momento. Pressupõe-se que quem gosta de crianças, goste também de trabalhar com elas. O trabalho com pequenos requer disposição, carinho, responsabilidade e uma energia imensa proviniente somente de quem gosta do que faz.



2- AGILIDADE é uma característica de peso considerável, pois a criança corre, pula, caí, levanta, descarrega energia e se envolve em situações repentinas de risco, onde a agilidade do profissional pode evitar acidentes graves com os pequenos.



3- BOM PREPARO FÍSICO
, nesta fase a maioria das brincadeiras são realizadas no chão, em rodas de conversa ou em círculos programados para as atividades, para tanto o profissional necessita de boa disposição física para sentar, levantar, pular, engatinhar, enfim participar de todas as atividades que propõe à criança. Além do que, os pequenos adoram presenciar adultos executando as mesmas atividades que eles.



4- SER ÉTICO, assuntos relacionados à instituição e suas famílias devem ser preservados. Nesta fase é comum crianças comentarem intimidades das famílias - estes casos ajudam os profissionais a conhecerem a realidade de vida da criança - e também alguém da família procurar apoio , confiando seus problemas a pessoas que trabalham na Instituição. Todavia, estes fatos somente poderão ser comentados em casos extremos- a pessoas especializadas ( Pedagogos, Psicopedagogos, Psicólogos e Assistentes Sociais) e com a aprovação da Equipe dirigente da Instituição. Tratar aos colegas com respeito e cordialidade, evitando brincadeiras desnecessárias e abusivas, afinal a criança observa o professor e o imita a todo momento.



5- SABER OUVIR OS RELATOS INFANTIS,
nestes momentos o profissional poderá detectar possíveis problemas de várias naturezas, pelos quais a criança poderá estar passando - ou até mesmo sobre sua personalidade.



6- SER FIRME E AMÁVEL AO MESMO TEMPO, a criança testa o adulto a todo instante e quando percebe que está vencendo, se torna indiscilplinada e resistente às regras de convivência. Porém, a amabilidade deve ser cultivada, assim a criança se sentirá segura, afinal está em um ambiente onde todos são estranhos a ela. Então, caberá ao educador conciliar ambos aspectos, ponderando suas atitudes e conscientizando a criança sobre seus deveres, sempre que necessário.



7- RECEBER BEM OS PEQUENOS E SEUS FAMILIARES, os pais precisam se sentir seguros em relação ao local e às pessoas em que estão confiando seus filhos. Portanto, o profissional deve recebê-los sempre com cordialidade, esclarecendo suas dúvidas, tranquilizando-os em seus anseios, se disponibilzando a atendê-los quando necessitarem e utilizando estratégias que motivem a criança a gostar de ir para a instituição.



8- SER CRIATIVO, o planejamento pedagógico deverá nortear o trabalho do educador, todavia, poderá ser alterado sempre que a atividade proposta não estiver despertando o interesse da turma, para isso o profissional deverá ser criativo e tornar a atividade em questão mais prazerosa ou até mesmo lançar mão de outra atividade. Elaborar um plano de aula focado em situações cotidianas das crianças ou da Instituição, encontrando ou criando músicas, histórias, jogos, atividades e brincadeiras que enfatizem o tema do planejamento é uma ótima estratégia para um trabalho diversificado.



9- QUERER APRENDER, a todo momento surgem fatos inesperados quando o assunto é criança, e nem sempre o profissinal está preparado para resolver tudo o que acontecer, portanto, deverá ter humildade para pedir ajuda e querer aprender com os mais experientes.



10- UTILIZAR ROUPAS ADEQUADAS, caso a instituição não adote uniforme, o ideal é camiseta e calça de malha ou jeans - mais largo - para não prejudicar o desempenho das atividades, e tênis ou sandálias rasteirinhas. Roupas decotadas, saias, sandálias de salto, roupas apertadas, transparentes, miniblusas ou tomara que caia devem ser evitados, pois além de inibir o trabalho do profissional, desperta a tenção de pais, colabores, profissionais e demais pessoas envolvidas no processo.



11- NÃO DEIXAR AS CRIANÇAS SOZINHAS, ter consciência de que as crianças não podem ficar sozinhas em nenhum momento, caso tenha necessidade de se ausentar do espaço onde se encontra com a turma, peça a uma criança que chame outro profissional para assumir seu lugar temporariamente. Um segundo sozinhas, os pequenos cometem atitudes inesperadas.



12- JAMAIS DÊ AS COSTAS ÀS CRIANÇAS, ao falar com alguém na porta da sala - ou em qualquer outro espaço - jamais dê as costas às crianças, em fração de segundos acontecem muitos problemas sem que o educador esteja vendo.



13- TRABALHAR SEU TOM DE VOZ, não falar em tom áspero, irônico e volume alto - assim a criança só compreenderá suas solicitações quando as mesmas forem feitas com gritos. O ideal é manter um tom baixo e calmo, todavia caso haja necessidade de uma alteração, que não haja grito e sua mudança na tonalidade da voz..



14- GOSTAR DE MÚSICA, nesta fase a musicalização é muito utilizada. O profissional deverá gostar, conhecer e querer aprender mais e mais músicas, de preferência acompanhadas de gestos que ajudam muito no desenvolvimento infantil.



15- SABER CONTAR HISTÓRIAS, sim pois contar histórias não é ler o livro - é contar com emoção, despertando a curisidade e a imaginação da criança.



16- CONHECER AS ÁREAS DO CONHECIMENTO A SEREM TRABALHADAS: Racíocinio lógico matemático, Linguagem oral e escrita, Psicomotricidade, Áreas Perceptivas, Conhecimento Social, Áreas de expressão artística e cultural, Valores Humanos,Religiosidade, Consciência Ecológica e Conhecimento físico - elaborando seu plano de aula enfatizando todas as áreas.



17- LER E EXECUTAR A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O REGIMENTO DA INSTITUÇÃO, assim o trabalho do profissional terá embasamento teórico e sustentabilidade pedagógica.



18- SABER ELABORAR PROJETOS DE AÇÃO PEDAGÓGICA envolvendo temas atuais, o trabalho com projetos facilita o trabalho do educador, porém, estes projetos devem ser executados com criatividade envolvendo temas de interesse das crianças e ao mesmo tempo objetivando uma conscientização sobre o tema proposto. Os projetos devem ser constantemente avaliados, caso contrário, não terão significado ao processo educacional.



19- DECORAR E REDECORAR O AMBIENTE SEMPRE QUE NECESSÁRIO, os olhos da criança se cansam com facilidade de determinadas decorações, para evitar esta situação, o ideal é utilizar cores claras, tons pastéis e desenhos acompanhados de paisagens, passarinhos, vales, árvores e flores, pois acalmam os pequenos.



20- RESERVAR UM ESPAÇO NA SALA PARA EXPOSIÇÃO DAS PRODUÇÕES DAS CRIANÇAS
e convidar os demais profissionais da Instituição, bem como os familiares dos pequenos, para visitarem a exposição de trabalhos delas. Pode-se colocar um nome na exposição e um pseudônimo para o autor da obra. Expor trabalhos nos corredores de entrada da Instituição - de forma criativa, sempre identificados e relatando os objetivos- também apresenta bons resultados.



É importante ressaltar que não há receita pronta para se trabalhar em nenhum nível educacional, mas a troca de experiências tem garantido excelentes resultados aos profissionais. Entretanto, a chave do sucesso de qualquer trabalho consiste em gostar do que faz. Quando se faz o que se gosta, as barreiras se tornam transponíveis e as amarras mais frouxas.

Angela Adriana de Almeida

Formada em Magistério Graduada em Pedagogia com Supervisão Escolar; Especialista nas áreas de Psicopedagogia Institucional; Docência Universitária e Inspeção Escolar.Trabalho como professora de Ensino Fundamental nas redes Estadual e Municipal,ministro minicursos e palestras com os temas Respeitando e Convivendo Com as Diferenças e Bullying em diversos contextos sociais.

Tou com Medo!!!!



As Formas do Medo

Assim como quem monta um complexo castelo de blocos, também os medos vão sendo inseridos aos poucos...
Nosso cérebro foi programado pela natureza para aprender qualquer coisa, assim aprender é simples e fácil, difícil mesmo é largar o aprendizado que já não nos serve, a exemplo dos vícios, das manias, das paranóias. Claro que criança não nasce com medo, especialmente com as causas, os indutores que suscitam esse medo. Uma forma de suscitar medo, o medo do escuro, por exemplo, possui em seu lastro, toda uma história criada pelos adultos, que diz respeito aos adultos, e estes são os mitos, as tradições de todos os tempos, que conceituaram a escuridão como um atributo de coisa ruim. É como a história da mãe que, não desejando que o filho a desobedeça, se vale da falta de visibilidade que existe na escuridão da noite, e o induz a crer que, dali sairá um Bicho Papão, para pegá-lo, caso não se comporte. A partir desse ponto, a simples menção do escuro, já o condiciona a ter medo, não do escuro, mas das coisas que podem surgir de dentro dele, para lhe fazer mal.
É imaturo de nossa parte, quando imaginamos que o tempo, resolverá por si mesmo os nossos problemas existenciais. Basta olhar nosso passado. Basta retroceder no tempo, e teremos como resposta um homem que ciclicamente se repete, conservando assim seus conflitos, suas preocupações com a morte e a vida, sem conseguir se libertar de suas angústias mais primárias, como o medo de ficar só, suas ansiedades, e o medo de perder tudo. A raiz "Medo" continua a fazer parte dos seus dias, desde o tempo quando ainda era um animal, menos racional do que o é hoje em dia. Então estamos diante de um quadro que se repete, porque nós somos o meio através do qual ele se recicla permanentemente, e desejamos saber por que esse homem, depois de tanto progresso científico obtido, ainda não consegue ser feliz, viver em paz e livre do todo o antagonismo que acompanha seus passos através das gerações.
Podemos imaginar uma criança, sua mente, como uma folha de papel em branco, onde qualquer roteiro pode ser escrito. Quando se analisa um comportamento infantil, que tende a acompanhá-la até a fase adulta, precisamos compreender que tal comportamento, ou personalidade, ou inclinações para uma ou outra coisa, são estados emocionais que já existem em todas as sociedades, logo, ela apenas absorve aquilo que já existe como prática corrente, e aceita como coisa válida. Tais práticas já foram incorporadas ao cotidiano dos adultos, aperfeiçoadas ao longo de incontáveis gerações, e tudo que lhes resta agora é absorver tudo isso, sem direito algum à escolha. Podemos escolher por onde caminhar, jamais a aprender a andar.
Um dos maiores equívocos dos adultos é julgar a criança a partir de si mesmo. Ele sequer é capaz de compreender que o estado emocional de uma criança, ainda está em fase de desenvolvimento, ainda carece de muitas experiências e memórias para, talvez, se equiparar a sua. Mas, a criança sabe imitar, e isso ela não aprende, é um atributo de berço. Poderá, no entanto, tornar-se um mestre em imitação, trabalhar à perfeição essa qualidade que lhe é inata. Por isso mesmo, copiará dos adultos a maioria das suas manias, sejam elas inúteis ou úteis.
Um animal é domesticado através do hábito de imitar, e isso requer uma mente simples.
Será também esse nosso destino inflexível?
Quando se tem medo, a primeira reação é tentar evitar a causa desse medo. E a fuga da causa do medo se torna mais importante que o medo em si. Mas, do mesmo modo que a estrutura de um prédio se apóia em seus alicerces, a fuga, apenas fortalece esse medo, se tornam os alicerces da sua existência. Podemos evitar as causas do medo, mas ele permanecerá em nós amparado pelo meio de fuga. E a fuga se torna uma proteção parcial, ilusória, enquanto o medo em si, continuará a existir, intocado, como se fosse uma coisa sagrada que devesse ser preservada, até do nosso olhar.
Quando criamos a comparação como medida para classificar coisas e pessoas, criamos também as bases do medo. E o desejo de ser maior, melhor, mais belo, mais inteligente, mais qualquer coisa, que vê o nosso semelhante como aquele que deve ser superado, vencido, torna-se um objetivo natural. E numa disputa, inevitável é que não exista o medo. Medo de não conseguir, de ser superado, de ser inferiorizado, de se perder qualquer coisa. No momento que recompensamos nossos filhos com elogios fáceis, ou presentes, pelo simples fato de cumprirem suas obrigações, estamos também incutindo em suas mentes a barganha, a troca de favores, como o único caminho para se conseguir alguma coisa. E a criança não mais verá os outros como seres humanos iguais a si mesmo, mas como simples objetos que podem ser comprados para servir aos seus desejos.
Jamais será capaz de respeitar alguém, nem aqueles aos quais criou algum tipo de dependência, que sejam capazes de lhe favorecer, atender às suas vontades. Uma criança aprende a ter medo. Evitar uma conhecida coisa, algo que sabidamente seja capaz de nos causar danos físicos, é prudência, é uma estratégia de sobrevivência, é o medo natural, saudável, o único que existe. Criar mentalmente situações que presentemente não existam como fatos concretos diante de nós, isso é o medo psicológico, trata-se de uma deformação na lógica do pensamento, é o medo virtual, o medo que não existe. As bases desse medo psicológico, isso nos é ensinado, quando nossos pais nos ameaçam, para cumprirmos nossas tarefas infantis, ou nos comportamos em casa, não fazermos barulho, ou escovarmos os dentes, etc.
Dessa base inicial, todas as causas de nossos medos são criadas. Da mesma forma que aprendemos a gostar de ganhar presentes, ou elogios, também passamos a temer os opostos dessas coisas. Então nos tornamos mais temerosos, mais inseguros em nossas ações, e nossa criatividade é substituída pelo desejo de imitar. Imitar é mais simples, basta seguir as ordens e direções já traçadas, basta que nunca nos desviemos das normas estabelecidas. Assim, a conformação, com qualquer tipo de situação, seja ela má ou boa, é tudo que mais desejaremos.
Por isso, o temor às críticas, e a constante sensação de que somos observados o tempo todo por um censor dos nossos movimentos, até do nosso pensar, nos impedirá se sermos espontâneos, uma vez que isso pode não ser permitido, por aqueles que apenas esperam o momento de nos castigar. O conflito interior é inevitável, e lutaremos a vida inteira para nos livrar desse observador, desse cobrador insaciável, que insiste em exigir de nós conformismo, que façamos a sua vontade, nunca a nossa. Por fim, uma criança pode crescer livre de todos os medos, exceto os saudáveis, que já foram citados antes. Os pais podem cuidar disso, desde que eles próprios sejam capazes de lidar com os seus. Quando estamos dispostos a examinar a estrutura do medo, e não das coisas que nos despertam esse medo, vamos descobrir que se trata apenas de um artifício da mente, uma anomalia em seu funcionamento, que podemos chamar de falta de compreensão. Assim, explicar aos nossos filhos, desde cedo, como nós pais, ou adultos, criamos a maioria das causas dos seus medos, com a intenção de controlá-los, é de vital importância, e um gesto de coragem e honestidade. Afinal de contas, existem muitas outras formas de conseguirmos disciplinar e colocar ordem em nossos filhos, sem o uso de tais artimanhas perniciosas.

Jon Talber -
jontalber@gmail.com
Ester de Cartago -
estercartago@yahoo.com.br