segunda-feira, 11 de março de 2013

Auto-estima nas Crianças





Hoje gostaria de falar com vocês sobre um assunto importante. Este pode nos levar a reflexões e conclusões benéficas na educação e comportamento das crianças.
Trata-se da AUTO-ESTIMA. E como poderíamos lidar com esta questão em nosso cotidiano de pais e cuidadores.
Sabemos por experiência, ou por termos por perto, o estrago que pode-se fazer na vida de uma pessoa a BAIXA-ESTIMA. Vemos a todo tempo, e por todos os lados, pessoas que apesar de serem altamente capazes, não conseguem sentir-se desta forma, ou não conseguem executar ações que evidenciem esta capacidade. Isto embota suas vidas e as paralisa na direção de seus objetivos e relações prazeirosas.
Quando nos deparamos com estas situações, nos perguntamos por que será que esta pessoa não consegue realizar se parece ter todo o necessário para isto?
Muitas vezes a resposta está na maneira como esta pessoa construiu sua auto-imagem na transcorrer da vida, em especial lá no início.
Como foi recebida no mundo, e ainda se aprendeu a ver-se de forma positiva?
Estas questões nos fazem pensar ainda em outras, que se traduzem na maneira como educamos ou preparamos nossos filhos para a vida.
E assim, começamos a nos debruçar e refletir sobre realidades do tipo:
Como estamos ajudando nossos filhos a perceber seu valor neste mundo?
Como podemos estar auxiliando o processo de adquirir segurança e amor próprios suficientes para que sejam seres humanos capazes de aproveitar as oportunidades da vida que lhe beneficiem, em detrimento daquelas que somente lhes trarão sofrimento e dor, ou que paralisem?
Quanto elogios podem ser benéficos, e em que ponto tornam-se maléficos se supervalorizam a criança?

Antes esclarecendo o que entendemos aqui por auto-estima, temos que, vamos adotar o conceito de que seja - a capacidade de gostarmos de nós mesmos, de nos aprovarmos, a certeza de que somos capazes de realizar coisas, de que somos competentes em determinadas habilidades, e também a capacidade de termos uma auto-imagem positiva.

Partindo destes questionamentos, podemos pensar que de alguma forma esta imagem que produzimos de nós mesmos está muito ligada a maneira como somos vistos pelos nossos acolhedores desde a mais terna infância. Nossa auto-estima é formada desde o momento em que nascemos, de acordo com a maneira como somos recebidos no mundo. A forma como somos acolhidos em nossos anseios, desconfortos e dificuldades. As experiências positivas e negativas que vivenciamos ao longo de nossa vida, especialmente em nossa infância, vão como que, emoldurando o espelho no qual nos vemos neste mundo.
Experiências que resultam em satisfação, conforto, alegria, satisfação de necessidades auxiliam na composição de uma auto-estima positiva. Sentir-se amado, entendido e acolhido trazem, sem dúvida, uma sensação de segurança em qualquer momento da vida, que resulta em uma maior auto-estima.
A auto-estima é construída a cada passo dado no rumo da evolução, do desenvolvimento. Aprendemos a falar, a andar, a brincar, a nos relacionar de uma certa forma, a partir da maneira como somos apoiados, estimulados, motivados pelo ambiente em que vivemos, e aquilo que este nos proporciona.
O comportamento dos adultos, dos cuidadores é muito importante na construção desta que será a base do amor próprio. A criança precisa ser estimulada a fazer aquilo que já tem condições para fazer, a princípio físicas. Precisa ter espaço para isto, ser “consolada” quando não consegue seu intento e se sente insegura, estimulada a tentar novamente outras possibilidades para conquistar seu objetivo.
Pais muito inseguros quanto aos seus filhos, ou superprotetores, podem em consequências educar suas crianças, tornando-as também inseguras, não se sentindo capazes de realizar. O que traz muita ansiedade e pode atrapalhar o desenvolvimento global.
Vejam então, que superproteção acaba por gerar ansiedade e insegurança. Ao contrário do que se poderia pensar - crianças muito protegidas sentiriam-se muito amadas e por conseguinte muito seguras! Não - crianças superprotegidas tem uma probabilidade muito maior de serem inseguras, ansiosas e com baixa-estima, visto que não sentem-se capazes de realizar por si mesmas, seja o que for, um trabalho sozinhas, a arrumação de um quarto e seus brinquedos, o atravessar de uma rua (quando com habilidade suficiente para isto), o preparo ou busca de um alimento no início de sua vida.
As crianças quando podem fazer algumas coisas, do ponto de vista físicos e cognitivos, dão sinais da necessidade de independência neste quesito de alguma forma. É preciso que os pais fiquem atentos, dêem espaço para que os filhos possam experimentar o mundo, com a supervisão não mais do que necessária, e assim desenvolverem-se da forma mais saudável possível.
Estar presente, auxiliar neste desenvolvimento, facilitar - e não fazer por eles - o que já podem fazer sozinhos. Elogiar quando alcançarem uma nova conquista, estimular a vencer obstáculos, ouvir seu filho naquilo que muitas vezes você não tem o menor interesse, mas que para ele é importante, são ações que vão de encontro à saúde e ao bem estar na vida presente e futura, construindo uma imagem positiva de si mesmo, auto-estima e sentindo-se uma pessoa capaz se ser amada, amar-se e amar aos outros.
As atitudes e comentários de pais, professores e cuidadores com relação à criança são muito importantes na construção da auto-estima. Ao invés de criticar veementemente, repetir por vezes infindáveis que ele não consegue fazer algo ou ainda que sua incapacidade naquele momento reflete sua incapacidade como pessoa, ajude-o a encontrar formas diferentes de realizar aquele intuito, formas que facilitem a aprendizagem e a chegada no objetivo final. Visto que, NUNCA podemos esquecer que “ninguém nasce sabendo”, e ninguém é obrigado a saber algo que não lhe foi ensinado. Muitas vezes age-se com a criança como se ela já soubesse daquele comportamento ou ação, quando a verdade é que isto nunca foi lhe ensinado, apresentado. Como se ela fosse dotada da experiência e instrumentos de um adulto. Ela ainda precisa de uma longa estrada para chegar até aí. Aliás, da sua PRÓPRIA estrada!
Então, aceite seu filho como ele é, ajude-o a evoluir, tornar-se melhor como pessoa (e isso não quer dizer necessariamente o que você considera o melhor, mas o que é melhor para ELE - que é uma pessoa diferente de você, e não sua extensão - em termos de qualidade de vida).
Também é importante ressaltar, que quando digo isso tudo, não estou de forma nenhuma querendo, tendo a pretensão de ditar um manual de como fazer, mas que possamos ter algumas pistas no sentido de sermos “suficientemente bons”, nas palavras de D.W.Winnicott.
Já basta, sermos suficientemente bons, dentro de nossas próprias vidas, daquilo que acreditamos com nossos filhos.
Ainda, vale dizer que estimular e motivar um filho não significa elogiarmos o tempo todo, sem motivos verdadeiros. O colocarmos em um patamar onde os erros não alcançam, como se todos seus comportamentos e resultados fossem aceitáveis e muito bons, para torná-lo alguém seguro. Não, isto é muito estranho para qualquer ser humano, alguém que nunca erra... inclusive para as crianças. Não soa real!
A questão não é não errar, a questão é poder reavaliar e encontrar outros caminhos, quando a primeiro ou primeiros não foram as melhores opções. Ajudá-la a encontrar e perceber que sempre existem outras possibilidades, mas que todos nós somos passíveis de erro, inclusive nós pais, mas que podemos tentar novamente, encontrar novas formas. Ajudando-as a julgar por si mesmas o efeito de seus atos. É preciso incentivar o prazer pela descoberta, o prazer em ser persistente e superar obstáculos.
Mostra-lhes que nós também erramos, somos injustos algumas vezes, reconhecemos nossos erros, pedimos desculpas, tentamos de outra forma, não faz com que nenhuma criança alimente desrespeito por seus pais - quando isto é feito com verdade, com humanidade. Pelo contrário, traz o cenário real da vida, e um modelo seguro e saudável a seguir, afinal não podemos nos abater profundamente, tratar com indiferença e/ou frustração paralisante os obstáculos da vida, mas assumindo os erros, reavaliando e tentando melhores resultados. Se a criança tiver uma certa vivência e observação, com situações deste tipo desde pequena, aprendendo formas de lidar com elas, a probabilidade de que quando maiores situações difíceis a paralisem, pode ser menor.
Uma criança que NUNCA erra, de acordo com seus pais, não precisa melhorar, aprender, evoluir como qualquer outro ser humano, não desenvolve a habilidade de enfrentar obstáculos, frustrações e superá-los. E acaba por construir uma visão ilusória da realidade, e de si mesma.
Os atos de elogiar, estimular, facilitar se referem muito mais, na laborosa arte de educar, ao desenvolvimento de um auto-conceito positivo no ser humano, e que será a base para um enfrentamento produtivo da vida, do que a construção de um “eu” inabalável.

Portanto, sejamos sensatos, estimuladores e facilitadores do enfrentamento do mundo para estes serezinhos tão especiais que nós decidimos por neste mundo. E é bem provável que nesta tentativa de sermos melhores para eles, por amor... possamos nos tornar melhores para nós mesmos!

Grande abraço à todos.

* Artigo desenvolvido a partir de solicitação de entrevista sobre o tema,
Jornal Correio Braziliense
Repórter responsável: Gláucia Chaves

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Crianças que roubam.


Roubar episodicamente é frequente nas crianças e ter a atitude certa no momento certo poderá evitar a repetição de uma situação que é desagradável para todos. Em casos mais graves, poderá ser necessária a intervenção de especialistas da área da psicologia.

Escrevi «roubo», mas provavelmente deveria escrever «furto», já que a palavra «roubo» tem uma implicação social e um peso seguramente maior, pelo menos na maioria dos casos, e pode desde logo rotular a criança, o que é muito contraproducente. Se uma criança furta é natural que os pais, professores e outros adultos fiquem preocupados.

A inquietação principal reside no fato de não saberem muitas vezes o que levou a criança a praticar esse acto, qual a sua dimensão, há quanto tempo isso acontece e, designadamente, o seu significado, ou seja, se está apenas a passar por uma situação transitória, dentro dos parâmetros da normalidade do desenvolvimento infantil ou se, pelo contrário, isso é o prenúncio de uma vida de delinquência e de futuro cadastrado.

É normal uma criança de pouca idade apropriar -se de uma coisa pela qual se interessa – isso não pode ser considerado como propriamente roubo, até pelo menos a criança ter idade suficiente para perceber que o objeto de que se apropriou é de outra pessoa e que essa pessoa ficará sem ele – essa noção de sentimento de posse e de transição da posse surge entre os três e os cinco anos de idade. É assim fundamental que os pais, desde cedo, ensinem e expliquem aos filhos o valor da propriedade e da posse, paralelamente ao reconhecimento do valor que representa a consideração pelos outros e pelo que é dos outros.

Apesar de, na maioria dos lares, as crianças aprenderem que roubar é reprovável, podem fazê-lo por diversos motivos:

- porque querem ter o mesmo que um irmão ou uma irmã, perante os quais se sentem desfavorecidos;

- para se fazerem valer perante os colegas, já que roubar pode ser entendido como uma atitude de liderança ou coragem;

- para poderem ter um presente para dar a outros e assim fazerem mais facilmente amigos, tornando-se mais populares;

- mais raramente, ser um verdadeiro caso de cleptomania ou de obtenção deliberada de bens alheios pelos métodos «mais fáceis». Um e outro caso representam desvios da personalidade.


Atitude


Se os pais descobrirem que a criança roubou alguma coisa, é recomendável que lhe expliquem muito concreta e explicitamente que roubar é errado, fazendo-a devolver o objeto do roubo, mas ajudando-a no processo de devolução. Este deverá ser feito pela própria criança e não pelos pais, mas dado que é um processo que envergonha e humilha, poderá ser necessário apoio paterno e a negociação prévia com os lesados para que estes tenham uma certa dose de compreensão.


Os pais devem assegurar -se de que a criança, em nenhuma circunstância, irá beneficiar do produto do roubo, ou seja, «o crime não pode compensar».


É essencial também que a atitude dos intervenientes seja a mesma, quer se trate de um objeto muito valioso ou de uma ninharia. Em primeiro lugar, porque a gravidade é a mesma, já que a intenção é também ela a mesma. Depois, porque a escala de valores é uma coisa muito pessoal e falível, e um pequeno brinquedo de outro menino, por exemplo, pode ser considerado uma ninharia pelo «ladrão», mas o seu desaparecimento pode causar grande angústia e sofrimento no dono e até, por vezes, juízos errados por parte dos pais dessa criança que pensam que ela é que perdeu o objeto e se desculpa a dizer que foi roubado. Muitas vezes, também, o objeto roubado torna -se o mais importante de todos para a criança que o roubou, sendo difícil convencê-la a abdicar dele e devolvê-lo sem ela se sentir, por sua vez «expoliada». Isso acontece sobretudo com os mais pequenos.


Quando o Artur, de quatro anos, estava sentado no banco de trás, na sua cadeira, e ele e os pais rumavam para casa, à vinda do supermercado, o pai reparou, pelo espelho retrovisor, que o Artur se estava comendo um chocolate dos grandes.


«Vai estragar ele com mimos!», disse à mulher.

«O quê?» – respondeu ela, sem entender a acusação.

«Depois se queixa que ele não janta...»

«Mas o que foi? O que é que quer dizer com isso?»

«O chocolate.»

«Qual chocolate?»

O pai viu, pelo tom de voz da mulher, que ela não estava brincando e que não sabia mesmo do que ele estava falando. «Ele está comendo um chocolatão», disse.


A mãe voltou-se para trás e percebeu imediatamente o que tinha acontecido. O Artur tinha furtado um chocolate do supermercado, escondendo-o dentro do blusão.


Depois de lhe perguntarem e ele confessar, depois de muito perguntar, os pais resolveram fazer meia volta e regressar ao supermercado. Aí, apesar da resistência e do beicinho do Artur, foram à caixa onde tinham feito as compras e o pai fez o Artur ir ter com a miça do caixa e devolver o chocolate.«E pode ter a certeza que vou descontar no próximo presente que te vou dar.»


O Artur ficou encabulado, mas entendeu a lição. Mais tarde a mãe explicou-lhe que, caso não tivessem pago, a moça da caixa teria de pagar do bolso dela. E o Artur passou a entender que se as coisas não eram nossas até serem pagas e roubar era inadmissível.


É muito importante não começar logo a predizer um mau futuro ou delinquência para a criança que rouba, tratando–a como se fosse um «inimigo público número um». Deve sobretudo ser sublinhado que quando alguém se apropria de alguma coisa de outra pessoa, essa pessoa ficará sem o objecto e vai sofrer por causa disso. A noção de propriedade pode ser transmitida de várias formas, com exemplos práticos, utilizando utensílios, bonecos, brinquedos e outras coisas do próprio e interrogando a criança sobre o que pensaria se alguém viesse e levasse esses seus valores. Mais do que assustar a criança, dizendo que é um ladrão e que daí a assassino vai um pequeno passo, será melhor colocá-la perante dilemas morais e levá-la a assumir a responsabilidade dos atos (principalmente demonstrar -lhe que tudo na vida tem consequências).


A criança é que deverá devolver o objeto, pedir desculpa e entender todas as consequências do seu acto. Se, apesar de todas estas medidas, os episódios de roubo continuarem, então temos de pensar se não estaremos perante um caso mais complicado, com um certo grau de disfunção emocional. As crianças que roubam têm dificuldades em formar amizades e relações, centrando-se mais na desconfiança. Em vez de se sentirem culpadas, começam a culpar os outros porque consideram que os outros é que não lhes deram o que lhes seria devido e vitimizam-se com frequência, o que é uma forma de não assumir as responsabilidades, com um grau de narcisismo indesejável.


Os casos de roubo deverão ser participados pelos pais ao médico assistente, discutidas com este as razões hipotéticas para o facto, sem ser obviamente na presença da criança, e equacionada a necessária intervenção psicológica. Depois de resolvido o assunto, será boa política não estar sempre a trazê-lo à baila, pois assumir-se-á que a lição foi aprendida e contar a história repetidamente e (pior) em público pode ser contraproducente e, diria mesmo, desleal.


Roubar episodicamente é frequente. Ter a atitude certa no momento certo poderá evitar a repetição de uma situação que é desagradável para todos. Em casos mais graves, poderão ser necessárias medidas mais enérgicas, designadamente a intervenção de especialistas da área da psicologia. É importante, também, que os pais não centrem a situação neles próprios, ou seja que não vejam como o maior problema a vergonha de passarem por pais de um «ladrão», esquecendo -se do que a criança precisa para se vitimizarem.


Querer tudo


Quantas vezes já aconteceu, por exemplo, numa loja ou supermercado, o seu filho agarrar-se a um brinquedo ou qualquer outro objeto, e não o querer largar. Além dos olhares incômodos das outras pessoas, e do embaraço perante os empregados, o tempo também é sempre contado e o que fazer numa situação destas é duvidoso. Ralhar? Não ralhar? Ceder? Não ceder? Ignorar? Dar atenção e tentar explicar que a mãe não pode levar tudo o que ele quer? «Eu quero. Eu quero. Mas eu quero!» Geralmente estas cenas acabam com os pais a largarem tudo e a saírem, recriminando a criança e com o dia estragado.


Mas há que pensar em alguns aspectos: não dizemos nós que «é Natal todos os dias»? Não aparecem constantemente, na hora «das crianças», anúncios televisivos incitando ao consumo? Não são levados, às vezes, em passeio aos centros comerciais? (são «centros de comércio», não esqueçamos) Não digo que os nossos filhos tomem isso à letra, mas que desejam tudo e querem tudo o que desejam é um fato.


Quando uma criança começa a «querer», quer simplesmente porque quer, ou seja, se lhe dermos a coisa que ele deseja, larga-a e quer outra, e outra, e outra. E se todos os seus desejos forem consubstanciados, sem limites, aprenderá apenas a ser um eterno insatisfeito – sempre que estiver num local, numa situação, numa viagem, desejará sempre o que não tem e sem ter o gozo e o prazer dos momentos que v
ive.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Brigas entre irmãos




Você está tranquila em casa até que ouve uma gritaria vindo do quarto das crianças. Chega lá e vê seus filhos engalfinhados, como dois lutadores de boxe. O quarto virou um ringue. Você tenta saber quem começou e qual é a razão de tanta agressividade. As pessoas que você mais ama não se entendem. Onde foi que errou? “As diferenças entre irmãos são normais. E as brigas dentro de uma família funcionam como um treino para a vida em sociedade, mas os pais devem dar aos filhos a noção dos limites dessas discussões”, orienta Natércia Tiba, psicoterapeuta e autora do livro Mulher sem Script (Integrare Editora). Com as lições da especialista, você vai ver que não é tão difícil quanto parece transmitir aos filhos o comportamento correto diante de um conflito.

Como estimular a amizade entre os filhos?

Natércia Tiba dá dicas para ajudar os pais nessa missão

· Tenha sempre em mente que ser justo com os filhos não é tratá-los de forma igual, mas sim tratá-los de acordo com as necessidades de cada um.

· Faça programas diferentes com cada filho e valorize esse tempo a sós com cada um. E reforce como gosta deles!

· Evite fazer comparações. Elogie ou critique, quando for necessário, mas nunca usando o outro como referência.

· A maior aliança entre as crianças é a risada. Estimule seus filhos a brincarem e se divertirem juntos.

· Não force para que eles façam tudo juntos. É normal que tenham gostos e turmas de amigos diferentes.

· Não coloque um filho para vigiar o outro. Não crie um dedo-duro entre eles.

5 situações de conflito entre seus filhos e como resolvê-las

1. Seus filhos começam a discutir e de repente estão se xingando. Você não faz nada porque acha que eles devem se entender sozinhos.

Errado: quando chega ao ponto da agressão física ou verbal, não importa quem começou, é preciso interromper a briga e colocá-los de castigo. Assim, quando começarem a se alterar, vão entrar em um acordo antes de irem para o castigo.

2. “Seu filho mais velho entrou na escolinha de futebol. Você compra uma chuteira para ele e uma outra para o mais novo.

Errado: “Se você for levar seu filho de 5 anos para tomar uma vacina para a idade dele, vai levar também o de 9?”, questiona Natércia. A terapeuta completa: “A criança não ‘quebra’ se ficar frustrada. Explique que, naquele momento, quem precisa da chuteira é o irmão e que, se um dia o caçula for jogar, ele também ganhará a dele”.

3. Seus filhos vivem brigando. Para melhorar isso, você matricula os dois em esportes coletivos, como futebol, mas em escolas diferentes.

Certo: o esporte é ótimo para o desenvolvimento da criança, mas colocar os dois na mesma escolinha pode transformar o campo de futebol em um ringue de luta livre. Evite isso.

4. É importante que cada filho tenha o seu momento de ficar sozinho com os pais. Mas seu marido vive dizendo que não sabe que programas fazer com a filha de vocês. Então, ele sempre sai com o filho e você, com a menina.

Errado: “Os filhos precisam de momentos de exclusividade, sim, mas algumas vezes com o pai e outras com a mãe. Essa divisão por sexo não deve existir”, diz a psicoterapeuta. O pai pode tentar algo de que ele e a filha gostem, como passear de bicicleta ou tomar sorvete.

5. Seus filhos estão com a babá em casa. De repente, toca o telefone no seu trabalho e são eles, aos berros. Você não sabe como começou a briga, portanto, deixa os dois de castigo, sem computador por dois dias, por exemplo.

Certo: explique que o objetivo é fazê-los se unirem, mas, se chegaram a ponto de lhe telefonar alterados por causa de uma briga, devem ficar de castigo para pensar sobre o assunto e não repetir esse comportamento numa próxima vez.

Qual é a hora certa de interferir?

Depende de cada criança, mas, de maneira geral, a hora certa para os pais interromperem a briga é quando um dos filhos está alterado, chorando ou gritando muito. “Nesse estágio, a criança perde a razão e toma atitudes impensadas. Aí é a hora de interferir”, explica Natércia.

· Converse e diga que sentir raiva não resolve nada. Ensine seus filhos a ter autocontrole.

· Não separe a briga aos berros. Isso é exemplo de descontrole.

· Não aceite que eles partam para a agressão de forma alguma, nem física, nem verbal. Violência gera violência!

Reportagem: Roberta Cerasoli

Crianças mentem?





As crianças mentem porque tem medo de assumir uma posição com respeito a si próprias, de encarar a realidade como ela é. Freqüentemente elas estão imersas em medo, duvidas em relação a si mesmas, uma auto-imagem pobre, ou sentimento de culpa. São incapazes de enfrentar o mundo real que as cercam, e então recorrem a um comportamento defensivo, agindo de forma exatamente oposta aquilo que realmente sentem.

Com freqüência as crianças são obrigadas pelos seus pais a mentir. Estes talvez sejam severos ou inconscientes demais, pode ser que tenham expectativas demasiadamente difíceis de serem correspondidas pelas crianças, ou talvez não sejam capazes de aceitar a criança como ela é. A criança é então brigada a mentir como forma de autopreservação.

Quando a criança mente, costuma acreditar em si mesma. Ela tece em torno do comportamento uma fantasia que lhe seja aceitável. A fantasia torna-se um meio de expressar as coisas que ela tem dificuldade em admitir como realidade.

É preciso levar a sério as fantasias da criança. Muitos não ouvem, não entendem ou não aceitam a maneira como elas expressam seus sentimentos. Desse modo, a criança passa a não aceitar a si própria, e precisa recorrer á fantasia e subseqüentemente à mentira. É preciso começar a conhecê-la , ouvi-la, entendê-la e aceitá-la. Os sentimentos de criança são sua própria essência. Refletindo-lhe seus sentimentos, ela também passará a conhecê-los e aceitá-los. Só então a mentira pode ser vista realisticamente pelo que ela é: Um comportamento do qual a criança faz uso para sua sobrevivência.

As crianças constroem um mundo de fantasia porque julgam seu mundo real difícil de viver. Tem uma porção de fantasias de coisas que jamais aconteceram realmente. No entanto tais fantasias são muito reais para essas crianças, e amiúde são mantidas dentro, fazendo com que àss vezes elas se comportem de maneiras inexplicáveis. Essas fantasias reais-imaginadas com freqüência despertam sentimentos de medo e ansiedade; elas precisam ser trazidas a luz para serem lidas e terem fim.

Muitos adultos ainda vivem uma realidade imaginaria, de fantasia e mentira, forjam um mundo menos difícil de se viver. E tudo começou quando criança. Ela precisava falar e não tinha quem ouvir.
A habilidade de mentir

A professora canadense Victoria Talwar, do departamento de educação e conselho psicológico da Universidade McGill, de Montreal (Canadá), começou a estudar o comportamento das crianças há dez anos e deu de cara com ela: a mentira. Seu interesse, a princípio, era no desenvolvimento cognitivo das crianças e na habilidade delas de entender a perspectiva do outro. Chegou à conclusão de que “mentir é um comportamento que demonstra essa habilidade”. É como se a honestidade exigisse, digamos, menos esforço. “Para mentir – e mentir bem –, a criança precisa entender no que a outra pessoa acredita e saber de maneira estratégica adaptar a falta de verdade para ser plausível”. Mas isso não simplifica em nada essa história.

1 . Com quantos anos as crianças começam a mentir?

Algumas antes dos 2 ou 3 anos. Quando chega aos 4, a maioria diz mentiras ocasionais. Isso parece se desenvolver mais ou menos ao mesmo tempo que outros sinais cognitivos, uma consequência da sofisticação desse crescimento.

2. Existe um período no qual mentir é normal?

Sim. Por nossas vidas inteiras. Estudos feitos com adultos sugerem que nós contamos cerca de sete mentiras por dia. A maioria delas, pequena. Por exemplo, quando uma amiga pergunta se você gostou do vestido dela, mesmo achando a cor feia, você diz que gostou, para não a ofender. O que não é normal é mentir cronicamente e, quando chega aos 10 anos, a maioria das crianças mente desse modo. Já as bem novinhas vão mentir mais indiscriminadamente, como negar que bateu no cachorro, quando você estava lá e viu que foi ela. É assim que aprendem o que podem ou não fazer.

3. É verdade que crianças espertas mentem mais?

É mais provável que crianças inteligentes mintam mais cedo e contem mentiras plausíveis. Você pode dizer para um pai que vê seu filho de 2 anos e meio mentindo que ele deve se alegrar porque a criança está começando a desenvolver suas habilidades cognitivas, que são vitais para o crescimento futuro. Claro, continuamos querendo ensinar nossas crianças a ser honestas. Mas podemos ver que a mentira é o resultado inicial de um desenvolvimento positivo e depende dos pais ensinar seus filhos a ser honestos.

4. Como não confundir mentira com fantasia?

Frequentemente são confundidas. Fantasia é brincar de faz de conta, e isso é uma parte muito rica da vida imaginativa; as crianças aprendem sobre o mundo e incentiva a criatividade delas.

5. O que fazer quando a mentira é uma influência, ou seja, quando é o amigo que mente e aí ele passa a mentir também?

Os pais devem contar para os responsáveis do amigo da criança, mas eles podem não acreditar. Está nas mãos deles lidar com os próprios filhos. De qualquer forma, você pode falar com a criança sobre a importância de dizer a verdade e lidar com esse comportamento mentiroso. É importante também explicar que algumas vezes outras pessoas mentem, mas que isso não torna a mentira um comportamento aceitável.

Agradecimentos: Fábrica ideias para Crianças – tel. (11) 3034-3044

Fontes: Quézia Bonbonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia; Solange Aparecida Emílio, professora de Desenvolvimento Infantil na Faculdade de Psicologia da Universidade Mackenzie (SP); Miriam Debieux, professora das Faculdades de Psicologia da PUC e USP – SP; Elizabeth Brandão, professora da Faculdade de Psicologia da PUC – SP; Ana Maria de Almeida Felice, orientadora pedagógica da Escola Carlitos (SP); Fernanda Lopes de Almeida, psicóloga e autora de livros infantis, entre os quais a obra As Mentiras de Paulinho (Ed. Ática)

(Descobrindo Crianças- Violet Oaklander-Ed. Summus)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Amor DOCE- Vovô &Vovó


Quem cuida do seu filho são os avós? Veja como conversar com seus pais ou sogros para que a relação continue boa, mas que eles levem em consideração a maneira como você acredita ser o melhor na hora de cuidar do seu filho. Confira.

Avós são pais pela segunda vez. Você, certamente, já ouviu esse ditado. Uma pesquisa divulgada pela Academia Americana de Pediatria mostrou que o número de avós que cuidam dos netos aumentou mais de 20% nos últimos dez anos nos Estados Unidos. Nesse país, são 2,87 milhões de avós cuidando dos netos. Aqui no Brasil, não existe um número oficial, mas os especialistas entrevistados para esta reportagem afirmam que a tendência se confirma.

Mas será que eles estão por dentro das mudanças que ocorreram nos últimos anos sobre o jeito de cuidar das crianças? Para descobrir isso, os pesquisadores entrevistaram 49 avós. Cada um deles teve que responder a um questionário com 15 perguntas sobre segurança de crianças de todas as idades.

Quando perguntados sobre a melhor posição para o bebê dormir, 33% disseram de costas, 23% de lado e 43,8% de barriga para cima. Vale lembrar que a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que as crianças durmam de barriga para cima. Essa é a posição mais segura para prevenir a morte súbita. Além disso, a criança respira melhor e tem menos risco de engasgo – caso vomite, ela vai girar a cabeça para o lado.

Nas perguntas sobre a posição correta da cadeirinha no carro, 24,5% responderam que crianças de até 10 quilos devem andar viradas de frente para o painel. No entanto, a recomendação é que elas usem o bebê-conforto e fiquem viradas de costas para o painel.

Outro ponto questionado foi em relação ao uso de protetores, bichos de pelúcia e cobertores no berço dos bebês. Apesar de a AAP e a SBP não recomendarem o uso de protetores de berço – porque aumentam o risco de sufocação e servem como trampolim para a criança se apoiar para sair do berço –, cerca de 49% dos avós acham que esses itens são importantes para garantir o conforto das crianças.

E o número mais expressivo da pesquisa é que 74% dos avós afirmaram que o andador estimula as crianças a andar. Se você também acredita que o acessório é importante, saiba que os riscos são grandes. Ele pode até dar mais independência aos bebês, mas eles ainda não têm maturidade física e emocional para tanta liberdade. Assim, ao se locomoverem rapidamente, pode ser que não dê tempo de você socorrer seu filho se ele estiver perto de escadas, tomadas e até do fogão. Outro ponto importante é que o acessório pode atrasar o desenvolvimento psicomotor da criança, fazendo com que ela leve mais tempo para ficar em pé e caminhar sem apoio.
Como fica a relação?

Se o seu filho fica com os avós, você bem sabe que esses pontos apontados pelo estudo são apenas alguns no dia a dia. Mas como dizer que não é preciso engrossar o leite de jeito nenhum sem causar um mal-estar na família?
Para a psicóloga Melina Blanco Amarins, do Serviço Materno-Infantil do Hospital Albert Einstein (SP), o mais importante é que os papéis sejam bem definidos. “Os avós precisam entender que os pais são os responsáveis pela criança e, sendo assim, devem seguir as recomendações dadas por eles”, diz a especialista.

O melhor jeito para passar o recado é falar com delicadeza, sem passar a impressão de que eles não sabem de nada. Afinal, além de estarem ajudando você, acreditam que o que funcionou na criação dos filhos deles também deveria servir para os seus.

Que tal tentar algo como: “Olha, mãe, eu também não sabia, mas o pediatra dele me avisou que o melhor jeito para dormir é de barriga para cima”. Então, fale das evidências científicas para que eles entendam que existe uma razão por trás daquele pedido, além da sua vontade, claro.

E antes de explodir mediante um conflito, pense o quanto seu filho ganha por ter os avós à disposição dele. “Além da tranquilidade para os pais, carinho e amor dos avós são fundamentais”, diz o pediatra Ricardo Simões Morando, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).

Melina também aconselha aos pais que escolham os assuntos que devem ser conversados. Claro que a segurança do seu filho sempre deve vir em primeiro lugar, mas, em relação à alimentação, por exemplo, se você não quer que ele coma doces, mas chegou na casa de sua sogra e seu filho está com um biscoito nas mãos, respire fundo antes de falar alguma coisa. “Lembre-se que eles cuidam do seu filho com tanto carinho. Será que aquele biscoito merece mesmo uma discussão?”, diz a psicóloga.

Por fim, sugira a eles acompanharem você em uma consulta ao pediatra. Pode ser que lá, ao ouvir as recomendações de um profissional, tudo melhore entre vocês. Não custa tentar, não é mesmo?

Fonte: Crescer

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Filhos: após separação.

Ajude seu filho a assimilar melhor a separação
Decisões tomadas em conjunto facilitam entendimento da nova estrutura familiar

O casal já tomou a decisão de se divorciar, mas como comunicar aos filhos sobre o fim do casamento sem provocar ressentimentos? Em meio à decepções, crianças e adolescentes se sentem divididos e, muitas vezes, guardam para si dores que se refletirão mais tarde na vida adulta. De acordo com a terapeuta familiar Marina Vasconcelos, o processo de separação pode causar traumas graves nos filhos se não for muito bem resolvido entre todos os integrantes da família. "O diálogo e o respeito são fundamentais para que eles não saiam machucados da história e possam ter uma visão positiva dos relacionamentos amorosos", explica. "Mesmo nas situações delicadas, os pais servem de exemplos para os filhos. Se o exemplo é ruim, o filho, mesmo inconscientemente, vai segui-lo", aponta a terapeuta.


Como contar para os filhos?
A melhor opção é que os pais combinem entre si qual vai ser a versão contada para os filhos sobre os motivos da separação. A informação deve ser verdadeira e clara, mas sem ferir a moral de um dos envolvidos. "Quando o motivo é traição ou qualquer outro problema que de alguma maneira possa denegrir a imagem de um dos dois, é melhor omitir, afinal, ninguém tem o direito de ferir a imagem do pai ou da mãe para se vingar do parceiro", recomenda a Marina Vasconcelos.

Outro ponto é conversar com os filhos juntos, mostrando que há respeito e amizade entre o casal mesmo diante de um momento tão delicado. "Se o comunicado é feito por apenas uma das partes, a tendência é que os filhos tomem partido dela, por isso é importante que os dois estejam presentes", explica Marina.

Se os filhos ainda são muito pequenos, vale o mesmo procedimento: converse com a criança mostrando a ela que o pai e a mãe vão morar em casas separadas, mas que vão continuar sendo seus pais.

Minha família acabou?
A primeira coisa que passa pela cabeça dos filhos quando os pais se separam é a ideia de que a família unida e feliz que eles tinham não existe mais. Essa sensação ruim e intensa pode gerar consequências graves no comportamento das crianças. É nesse momento que os pais devem deixar muito claro, com conversas e atitudes, que pai e mãe não se separam dos filhos, "Acaba o casamento, mas o elo de maternidade e paternidade é para sempre", explica a terapeuta.

Também cabe aos pais mostrar que a família não acabou, apenas mudou seu núcleo. Nesse processo, é importante manter a participação das duas partes na criação dos filhos para que eles possam se livrar da sensação negativa de desamparo.

Mostre para os pequenos que pode ser divertido morar em duas casas, mas evite que ele crie uma visão de que a casa de um é diversão e a do outro, família. As regras de educação devem ser as mesmas nos dois novos lares.

Rotina nova pelo bem dos filhos
Assim como a decisão de como contar sobre o motivo da separação deve ser partilhada, os pais devem combinar entre si, a nova rotina dos filhos de modo que eles possam ficar com os pais de maneira igualitária. De acordo com Marina Vasconcelos, um erro comum dos pais é não deixar claro quais são os direitos e deveres de cada um dentro da nova constituição familiar, e isso faz com que os filhos se sintam inseguros em relação à participação de uma das partes na educação deles. "É fundamental existir uma conversa clara e democrática entre toda a família para que se estabeleçam regras e horários fixos para controlar as tarefas diárias", diz a terapeuta. "Na infância, essa delimitação deve ser ainda mais efetiva. Mesmo que a criança não entenda que ali houve um acordo, ela deve sentir que a presença dos pais na vida dela não se alterou com o divórcio."


"O diálogo e o respeito são fundamentais para que eles não saiam machucados e tenham uma visão positiva dos relacionamentos amorosos"As consequências do não entendimento da nova estrutura familiar que se constitui após a separação podem ser bastante doloras para os filhos. Um exemplo é a família de Rafael, pai de João, Pedro e Clarissa. "Depois da separação, Raquel, a mãe das crianças, não manteve contato frequente com elas e, por isso, quando ela aparece, as crianças ficam sem reação. Parece que o elo entre mãe e filhos foi cortado. É triste perceber que eles já não a tem como referência", diz ele.

As diferenças entre o casal devem ser resolvidas entre eles e sem a participação dos filhos. O ideal, segundo Marina, é que os filhos tenham liberdade para ver os pais e falar com eles na hora que precisarem, sem que sejam controlados e censurados, já que quando a família morava na mesma casa, eles tinham esse direito. "O filho tem que poder amar os dois, tem o direito de ter os dois, mesmo que separados. Quando os pais começam a usar o filho em chantagens que afetam o outro, por vingança ou por birra, o obrigam a tomar partido de algum dos lados, o que não é nada saudável", explica a terapeuta.

O filho é o reflexo dos pais
Desde pequenos, os filhos se inspiram nos pais para moldar seu caráter e personalidade. "Quando alguma coisa sai errada, esse referencial se distorce e uma nova versão toma corpo. O filho passa a achar natural relacionamentos conturbados, brigas entre casal e tende a procurar para si a referência que ele tem: a do amor como forma de dor", alerta Marina Vasconcelos.

Dicas para viver em harmonia depois da separação
•O casal deve se esforçar ao máximo para buscar uma separação amigável
•Os pais devem manter uma rotina para os filhos e deixar claro direitos e deveres de cada uma das partes
•Pai e mãe nunca devem falar mal do outro para a criança
•Os pais devem procurar um profissional, caso a família não consiga resolver seus conflitos de forma harmoniosa.

Por Natalia do Vale - publicado em 14/09/2009



Como lidar com crianças tímidas.

Os pais podem contribuir para que seus filhos aprendam a lidar com a timidez. Veja as dicas da especialista.
O comportamento das mães pode ser um antídoto contra a timidez. É o que conclui uma pesquisa da Universidade de Maryland (EUA). De acordo com especialistas, a mãe tem um papel essencial na timidez dos filhos, tanto de forma positiva como negativa. Em entrevista a CRESCER Online, a psicóloga Isabel Gomes, da Universidade de São Paulo, explica o papel materno na personalidade da criança e dá dicas de como as mães (e os pais, também) podem ajudar os filhos.

CRESCER Online - Quais são os principais fatores que influenciam na timidez de uma criança?
Isabel Gomes - O ambiente familiar é um dos principais fatores porque a criança é muito dependente dele e, conforme ele é composto, pode acentuar uma tendência inata à inibição. Tem também a carga genética que cada um de nós traz, responsável por gerar características de personalidade: alguns são mais tímidos e, outros, mais extrovertidos.

CRESCER Online - Um estudo da Universidade de Maryland afirma que a mãe pode ajudar seu filho a perder a timidez. Na sua opinião, quais as possibilidades de isso acontecer?
Isabel Gomes - Acho que isso pode acontecer, sim. Por exemplo, se você tiver uma criança mais quietinha e tímida que é criada em uma família com pais que desenvolvem o contato social, ela melhora. Em situação oposta, a criança pode ficar mais tímida ainda. A mãe tem que passar confiança à criança, incentivá-la a participar de outros ambientes. Sem dúvida, essas são formas de a mãe estimular o filho a perder a timidez.

CRESCER Online - Filhos de pais superprotetores tendem a ser mais tímidos?
Isabel Gomes - Filhos de pais superprotetores são crianças mais retraídas, sim. São aquelas mães que não deixam seus filhos ficar com mais ninguém e não estimulam o contato social.

CRESCER Online - Tem como a mãe não se sentir mais culpada ainda pela timidez de seu filho?
Isabel Gomes - Claro que sim. Não adianta dizermos que a mãe é causadora de todos os problemas porque geramos culpa. O que deve ser ressaltado é que a mãe pode estimular muitas coisas na criança: não só a capacidade de socialização, mas a confiança e a segurança. É importante mostrar como os pais podem contribuir e estimular a melhora de seus filhos.

CRESCER Online - E como pode ser esse estímulo da mãe? Como buscar uma ajuda profissional quando a mãe perceber que a situação foge de suas possibilidades?
Isabel Gomes - As dicas que dou em relação ao estímulo das mães é: desde que seu filho é pequeno, coloque-o em contato com outras crianças para estimular todas as formas de contato social, deixe a criança passear na casa de familiares e amiguinhos, leve-a para fazer programas como cinema, teatro. Mas não adianta apenas informar essas coisas. Têm muitas mães que estabelecem uma relação grudada com seus filhos porque são inseguras e não conseguem dividir a criança com o mundo, muitas vezes nem com o pai. Elas precisam também de uma ajuda especializada para entender esses fatores e soltar o filho. Precisam estar prontas para gerar autonomia na criança. O pai também é muito importante por ser o primeiro elo da cadeia que separa a criança da mãe.

CRESCER Online - E como ele pode atuar nisso?
Isabel Gomes - Acho que ele tem de se fazer presente e dividir os cuidados com a mãe. Algumas mães são ambíguas, reclamam e querem a ajuda do marido, mas quando ele vai atuar, elas dizem que ele faz errado. Tem que saber entender os homens também e deixá-los ganhar esse espaço.

CRESCER Online - Como perceber o limite entre o excesso ou a falta de timidez?
Isabel Gomes - No geral, as pessoas sabem reconhecer uma criança que é extrovertida, sociável, mas que sabe respeitar os limites do outro. Quando as crianças têm um desenvolvimento emocional normal, elas gostam de ser o centro das atenções, gostam de contato interpessoal, mas ao mesmo tempo ficam tímidas em uma situação nova. Isso é normal. Chama a atenção aquela que fica em um cantinho e não interage com ninguém, como também aquela que não pára um segundo. São dois extremos facilmente perceptíveis.

Graziela Salomão

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Xixi na Cama...

Até quando é normal fazer xixi na cama?

A enurese noturna, que nada mais é que o ato da pessoa fazer xixi na cama, é um fato cotidiano na vida de crianças de 0 a 5 anos de idade. A enurese noturna pode inclusive afetar pessoas na adolescência e, em casos raros, na fase adulta, caso não tratado corretamente. Aproveitando o tema em questão, a primeira pergunta que vem à cabeça de cada nove entre dez pais é a seguinte: por que a criança muitas vezes não consegue controlar a vontade de urinar enquanto dorme?

Acontece que até mais ou menos os três anos de idade o queridinho da família ainda não tem o completo desenvolvimento da micção, ação responsável pela coordenação dos órgãos do sistema urinário. Logicamente a formação varia conforme a criança, entretanto, somente a partir dos 5 anos ela já possui o controle diurno da micção. A enurese noturna é mais comum em meninos (três casos para cada um do sexo feminino).

O hábito de fazer xixi na cama passa a ser encarado de forma mais preocupante após o quinto ano de vida, fase em que a criança já devia ter maior controle da micção. A causa da enurese noturna pode estar relacionada a problemas psico-sociais, como crises na família (separação dos pais, brigas, medo ou falta de atenção); hereditariedade (pais que na infância também tiveram problemas semelhantes) e problemas na bexiga (instabilidade vesical e outras disfunções anatômicas).

A médica residente em pediatria do Hospital Guilherme Álvaro, de Santos/SP, Marcellina Basseto explica que os pais devem estimular desde cedo o filho a ter maior controle miccional. A especialista afirma que é fundamental que os pais exponham à criança os transtornos causados pela enurese noturna, ilustrando o pensamento de maneira educativa e nunca de forma repreensiva. "O pai deve ter calma ao conversar com o filho, procurando saber se existe algum problema que o afeta. O nervosismo na conduta pode deixar a criança ainda mais angustiada, podendo atrapalhar em vez de ajudá-la a melhorar", informa.

Como controlar o pipi durante o sono - A profissional destaca alguns exercícios simples que contribuem para a conscientização e desenvolvimento voluntário da micção. A primeira delas é levar a criança para urinar e, durante o ato, interromper a micção por alguns segundos para, em seguida, fazer com que ela volte a fazer xixi. A atividade exercita o músculo da bexiga conhecido como esfíncter, que controla a perda urinária.

Outra recomendação é fazer um calendário, onde os pais, com a participação da criança, anotam os dias em que a criança ficou sem urinar na cama. Uma terceira iniciativa visando controlar a "torneirinha" durante o sono é fazer com que a criança, acompanhada do pai ou da mãe, lave o lençol e o pijama molhado pela urina, mesmo que seja de mentirinha (roupas previamente lavadas). Nesses dois últimos casos citados, o estímulo à conscientização por parte da criança é o principal objetivo desejado.

"Ao término de cada atividade, os pais devem dar uma prenda ao filho como recompensa pela sua participação com sucesso. A atitude estimulará a seguir suas lições corretamente", completa Marcellina Bassetto.

Bruno Rodrigues

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Crianças mentem!

Muitas mães leitoras do Blog nos escrevem a pedir opinião sobre como lidar com as mentiras que seus filhos contam, elas ficam ansiosas por não saberem lidar com isto e principalmente por não saberem como solucionar este problema. Antes de mais é preciso saber que as crianças adoram inventar história e tem a imaginação bastante fértil. Mas o problema é quando essa imaginação vira mentira prejudicial. Então é bom você tomar cuidado para que o seu filho saiba a diferença entre a verdade e a mentira e que as histórias inventadas geralmente ‘cabem’ em contos de fadas, desenhos animados, tem hora e local certo; e não podem ser ditas sempre como se fossem verdadeiras. . . . É muito normal as crianças entrarem nesse mundo de contos de fadas e gostarem de brincar de inventar personagens e situações. Isso é muito natural e saudável, faz parte da infância dele, mas o problema surge quando ele fica preso no mundo da imaginação e não consegue mais distinguir o que é verdade do que é o mundo da fantasia. E é aí que você entra e precisa colocar um ‘ freio’ nele e ensinar o que é mentira e o que é verdade, e que a verdade sempre deve dar lugar a imaginação. . . . Dê bons exemplos ao seus filhos! . . . O problema da mentira é quando a criança começa a tornar isto um hábito e faz o uso da mentira para manipular os pais e conseguir aquilo que deseja. Outro fator importante que você tem que prestar atenção é além da freqüência da mentira, é a idade que o seu filho conta a mentira. Tudo isso é muito importante já que você precisa cortar desde os primeiros sinais o hábito da mentira. Depois de você saber onde, e em que situação o seu filho mente, você precisa demonstrar e ensinar que aquilo é errado e mostrar as conseqüências que a mentira tem. Na maioria das vezes, as crianças mentem porque veem os adultos e até mesmo você mentindo ou fingindo; lembre-se que você é um espelho para o seu filho e ele vai te imitar em todas e qualquer situações. Mas vá com calma na hora de conversar. Por mais que a mentira seja perigosa e um acto não aconselhável, não adianta ser dura com ele, já que para o seu filho esse mundo da fantasia é normal e até mesmo aceitável, ou até porque ele presencia alguém da família a contar uma mentira ‘inocente’. É este um dos pontos mais importantes! Não mentir para ele e tão pouco mentir para outras pessoas na presença dele. A conversa calma e paciente é o melhor caminho. Você deve explicar-lhe que há horas para brincadeiras eimaginação e há horas onde precisa falar a verdade. . . . Você também precisa deixar claro que a mentira é algo muito ruim e que pode machucar as pessoas. Se depois de tudo isso a mentira ainda persistir, você aí sim deve ser maisdura com ele ou até mesmo procurar um auxílio psicológico para ver o porquê desta compulsão pela mentira. Saiba mais em: As Mentiras e as Crianças Fonte: http://www.blogdacrianca.com/como-lidar-com-as-mentiras-que-os-filhos-contam/#ixzz1uPlmDdXO

domingo, 6 de maio de 2012

As crianças e a mentira- Roque Theophilo

O comportamento estruturado em bases sadias se aprende no lar na escola e na sociedade. Mas é o lar o ponto de partida. De forma genérica os pais se preocupam quando o seu filho diz mentira. É normal que as crianças de quatro a cinco anos pelo processo psicológico de fantasia se divertem ouvindo e inventando histórias, confundindo a realidade com a fantasia. A criança com mais idade pode mentir para se isentar de culpas. Quando são descobertos em vez de serem castigados compete aos pais mostrar-lhe a importância da verdade, da honradez e da confiança que necessitam adquirir na vida falando a verdade Alguns adolescentes descobrem que as mentiras podem ser aceitas em algumas ocasiões e considera-las aceitáveis, como por exemplo, não dizer a razão correta e verdadeira de ter faltado às aulas porque estava com diarréia.Teme que o fato poderia trazer por parte dos colegas e professores motivos para zombarias Outros adolescentes mentem para proteger sua privacidade ou para sentir-se psicologicamente independentes de seus pais como por exemplo, negando que saíram de madrugada com os seus amigos . Quando a mentira pode indicar problemas emocionais Algumas crianças, sabendo da diferença entre a verdade e a mentira, elaboram historias que parecem verdadeiras. Estas crianças e adolescentes relatam historias com grande entusiasmo, já que são ouvidos com muita atenção embora falando mentira. Outras crianças e adolescentes, que geralmente agem de forma responsável, podem cair no vício de começar a mentir repetidamente. Eles acreditam que dizer mentiras é a melhor maneira de satisfazer as perguntas de seus pais, professores e amigos Tais pessoas usualmente não estão procurando ser maldosos, porem por mentirem repetidamente se converte em vício. Há entretanto crianças ou adolescentes que mentem para tirar proveito. Alguns adolescentes mentem freqüentemente para ocultar problemas sérios como por exemplo quando consomem drogas ilegais ou álcool, ou irão mentir para ocultar onde têm estado, com quem andam, ou que estavam fazendo quando faltaram na escola, onde têm gastado dinheiro etc. O que deve se fazer quando a criança mente? Os pais são modelo de maior importância para os filhos. Quando a criança ou o adolescente mentem, os pais devem descobrir em tempo para falar seriamente com eles a respeito da diferença entre a fantasia e a realidade, a mentira e a verdade. A importância da honestidade em casa Quando a criança ou o adolescente desenvolve um comportamento usual de mentir, então necessita de ajuda profissional. Uma avaliação psicológica pode ajudar a criança e seus pais a entender o comportamento da criança com referência a mentira e pode também lhes dar orientações para o futuro A mentira branca As "palavras certas" no convívio com os outros são cada vez mais uma forma da mais pura mentira. Oculta-se o que não se deseja falar ou apresenta a verdade em doses reduzidas. Os americanos chamam essa "forma elaborada" de comunicação de "mentiras brancas". Aqueles que sempre dizem a verdade são infelizmente catalogados pelos mentirosos como ingênuos, e eles alegam que por não saberem "dourar a pílula" com mentirinhas, facilmente ganham inimigos. O resultado das pesquisas sobre a mentira. Calcula-se que uma mentira vem aos nossos lábios cerca de 200 vezes por dia, em média uma a cada 5 minutos. Começando por falsos elogios ("Você está com excelente aparência!") até mentiras descaradas ("Hoje eu não posso ir ao escritório, estou gripado") e o pior quando os pais mandam os filhos dizerem ("Diga que eu não estou em casa"). Há alguns anos ocupam-se com o mistério da mentira não apenas filósofos, mas também cientistas políticos e psicólogos. Mentira e engano estão presentes em nossos genes, foram e serão os motores da evolução. Alguns biólogos presumem que o desenvolvimento do cérebro humano só foi possível por ter que lidar com enganos. Nós adulamos, enganamos e sorrimos diariamente com olhar inocente para manter uma boa atmosfera ou para nos apresentar numa luz mais favorável. Principalmente os cônjuges e familiares são enganados de maneira intensa. Eles são vítimas de dois terços de todas as mentiras graves segundo as análises de diários de pesquisadores da Universidade da Virgínia em Charlottesville. Talento para enganar é sinal de inteligência dizem os hipócritas; um fator de sucesso, tão útil como perspicácia, intuição ou criatividade. "O sucesso profissional de um executivo depende em 80% da sua inteligência social", afirma Howard Gardner, psicólogo da Harvard School of Education. Também Peter Stiegnitz, um pesquisador da mentira em Viena (Áustria), pensa que os "carreiristas preferem trabalhar com jeito e charme ao invés de fazê-lo com aplicação e perseverança". O objetivo da educação diplomática: As crianças aprendem, desde cedo, que é melhor não dizer à sua antipática tia que acham nojento o seu beijo lambuzado. A alegria dissimulada da mãe ao receber o presente de aniversário inútil, os doces escondidos furtivamente e a lei do silêncio sobre inconvenientes familiares são modelos e treinamento para as mentiras diárias no futuro da criança. Quando as crianças compreendem a necessidade de mentir As crianças compreendem a necessidade de mentir tanto mais cedo quanto mais inteligentes elas forem. Nos primeiros anos de vida elas não sabem distinguir fantasia da realidade. Quando então descobrem, como é possível lograr os outros, elas o fazem primeiramente em proveito próprio, a fim de evitar castigos ou para receber alguma recompensa. Mais ou menos a partir dos sete anos de idade elas aprendem a diferenciar o pensamento verdadeiro do falso. Durante a adolescência os jovens aprendem a distinguir com certa precisão se alguém está sendo sincero ou não É lamentável como hoje em dia se lida levianamente com o conceito "mentira" ou com a própria mentira, havendo pesquisas e estudos sobre a mentira; na qual tenta-se explicá-la, achando que é, até mesmo uma "necessidade da vida" e, em última análise, como algo "bom" o que não é verdade. . . “A verdade é dura como o diamante, mas delicada como a flor de pessegueiro”. Gandi