segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Crianças : Hora de dizer NÃO!



Quando dizer NÃO! Eis a questão...

Não é uma tarefa fácil cuidar de uma criança pequena, orientar seu crescimento. E quando dizer não aos nossos filhos é uma questão sobre a qual muitos de nós, mães e pais se debatem constantemente.
Os limites são necessários, mas como e quando colocá-los?
Sobre essa questão é bom que levemos em consideração o fator idade, desenvolvimento. Ora, uma criança de 1 ano de idade não poderia entender um NÃO assim como uma de 3 anos, por exemplo. Precisamos ficar atentos ao período de desenvolvimento em que nosso filho se encontra.
As crianças não nascem sabendo o que podem e o que não podem fazer, com certeza. Mas muitas vezes alguns pais lidam com elas como se soubessem disso desde sempre, sem que tenham sido ensinadas.
Vamos pensar esta questão, tendo em vista as crianças pequenas e seu primeiro contato com as interdições.
Então, podemos dizer que teríamos três etapas a nos concentrar na introdução dos “NÃOS” na vida dos bebês.
Primeiro, temos uma fase em que os pais assumem toda a responsabilidade sobre as interdições, ou seja, o bebê pequeno não tem instrumentos, nem possibilidades de entender o que pode lhe causar algum mal ou não. E no seu desenvolvimento rápido vem o intento de descobrir o mundo, pela boca, pelas mãos... é como se o mundo inteiro fosse uma grande novidade a ser descoberta, e ele bebê, o explorador. Não há NÃO nesta primeira etapa, só a interdição física.
Assim, nesse momento é importante que a criança tenha a possibilidade de explorar, conhecer o mundo e o que tem a sua volta, ela precisa se desenvolver, e ter também um adulto atento que possa livrá-la dos perigos iminentes. Não adiantará de nada ter uma briga homérica com uma criança de 1 ano porque ela derramou todo o saco de arroz que estava na sacola, no chão.
Você é que deveria ter tirado este saco dali, certo!? Você tem instrumentos para isso, ela não.
Ele precisa explorar o mundo, dê-lhe situações ou objetos que lhe propiciem isto. E a princípio, você não limita um bebê para que ele lide com o que é certo ou errado do ponto de vista moral, mas simplesmente porque tem algumas atitudes que ele precisa ir aos poucos entendendo que são perigosas. Para bebês pequenos os “NÃOS” maternos devem se basear na idéia de perigos concretos.
Aos poucos, você percebe na criança uma crescente capacidade de compreender as coisas. Então temos a segunda etapa, onde você já pode se impor e mostrar a criança sua visão de mundo, ela já começa a ter capacidade de absorver algumas coisas. Aí sim, começa a aparecer literalmente o NÃO como palavra, linguagem entendida. Você pode dizer “NÃOS” seguros a ela, e ela tem capacidade de entender que aquilo É uma interdição, e que ali ela precisa parar por algum motivo, ainda que não tenha um entendimento real sobre os motivos.
Segue-se, a terceira etapa que é aquela que se apresenta como a fase da explicação. Podemos, aqui partir para a conversação, os pais aqui podem explicar a criança o motivo das interdições, é ela já começa a desenvolver a capacidade de entendê-las.
Assim vai se dando o desenvolvimento desses primeiros momentos do entendimento da interdição.
Entretanto, não podemos nunca esquecer do fato de que as crianças são muito diferentes umas das outras, as fases ocorrem nessa seqüência, mas é preciso que a mãe possa observar o desenvolvimento de SEU filho, e assim estar pronta para a adaptação às necessidades de sua criança.
Muitas vezes ocorre que mães que não se encontram em momentos tranqüilos e felizes de suas vidas possam, em função do seu momento, estar propensas a exagerar o lado carinhoso do trato, sendo permissivas demais, ou ainda dizer NÃO apenas porque estão irritadas.
É muito importante que na imposição de limites, a mãe os tenha bem claros para si mesma, tanto os limites, quanto os motivos pelos quais os está impondo.
Se os próprios pais estiverem muito confusos quanto ao que permitiriam ou não, como a criança poderá ter clareza sobre isso?

Simone Ávila

Psicóloga Clínica Especialista em Psicologia da Comunicação Membro associado da ABENEPI - Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Educação Infantil : Comportamento e desempenho escolar


Comportamento e desempenho escolar

Uma pesquisa, feita no campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, investigou a associação entre comportamento e desempenho escolar entre meninos e meninas. O estudo indica como a qualidade das relações estabelecidas na escola de educação infantil pode afetar o aprendizado das crianças.

O trabalho avaliou o comportamento das meninas mais positivamente, ao passo que o desempenho escolar foi mais fortemente associado aos comportamentos interpessoais no grupo masculino. Para ambos os sexos, foram avaliados o comportamento - na relação com a tarefa, com os colegas e com o professor - e o desempenho a partir de sondagem de leitura e escrita.

Comportamentos interativos

Segundo a coordenadora do estudo, a professora Edna Maria Marturano, da Faculdade de Medicina, os resultados destacam uma clara associação entre a qualidade dos comportamentos interativos, avaliados pelo professor no fim do ano, e o desempenho em tarefas que envolvem noções básicas de leitura e escrita.

"Mas as associações encontradas não traduzem em si uma relação de causa e efeito. Interpretamos os resultados com base em autores que acompanharam as crianças desde o início até o fim do ano e observaram que a qualidade dos relacionamentos da criança no primeiro momento influenciava o desempenho posterior", disse Edna à Agência FAPESP.

A pesquisa, que foi publicada na revista Psicologia em Estudo, foi desenvolvida em escolas públicas municipais do interior de São Paulo. Participaram 133 alunos, sendo 68 meninos e 65 meninas, de 5 a 7 anos de idade, e seus professores (sete mulheres e um homem). O trabalho é resultado da dissertação de mestrado da psicóloga Elaine Cristina Gardinal, sob orientação de Edna.

Comportamentos dos meninos

Os professores consideraram os meninos menos respeitosos, tolerantes e controladores no relacionamento com os colegas, mas mais agressivos. Nas atividades escolares, eles são vistos como menos ordeiros e aplicados, mas mais inquietos, salientes, desatentos, retraídos, confusos e descuidados.

Gênero do professor determina avaliações

Segundo Edna, o fato de a maioria dos professores ser do sexo feminino é uma variável que pode influenciar no resultado. "A pesquisa discute essa possibilidade. Professoras de crianças pequenas tendem a ignorar com mais freqüência os comportamentos inadequados das meninas, prestando mais atenção aos dos meninos. Elas respondem mais, e com mais atenção negativa, aos comportamentos dos meninos."

"No entanto, não temos conhecimento de estudos comparativos mostrando que os professores homens agem ou agiriam de modo diferente. Eu mesma tive oportunidade de observar um professor de educação infantil que ignorava o choro das meninas e repreendia os meninos quando choravam, dizendo que 'homem não chora'", disse.

Comportamento e capacidade intelectual


As autoras aplicaram três instrumentos para avaliar o comportamento, a capacidade intelectual e noções de leitura e escrita, respectivamente: Questionário para Caracterização do Desempenho e do Comportamento da Criança no Ambiente Escolar, Matrizes Progressivas de Raven e o método de Sondagem de Leitura e Escrita Inicial.

Elaine e Edna detectaram que meninos e meninas com melhores resultados em escrita e, principalmente, em leitura, foram avaliados como menos dependentes nos relacionamentos com o professor e com os colegas de classe. A dependência é apontada como prejudicial ao desempenho escolar das crianças na educação infantil.

"Dentre as possíveis interpretações podemos conjecturar, por exemplo, que uma criança mais dependente, pelo fato de tomar menos iniciativas, terá menos oportunidades de fazer descobertas, de enfrentar desafios, de buscar soluções por si mesma e de, portanto, aprender", afirmou Edna.

Importância dos relacionamentos


Em relação ao relacionamento com os colegas, meninos mais agressivos, provocativos, desrespeitosos, intolerantes e explosivos tiveram desempenho mais fraco na sondagem de escrita e leitura.

As pesquisadoras ressaltam que o estudo tem algumas limitações, como ter sido baseado no julgamento de professores e no fato de ser um correlacional, não havendo, portanto, uma relação direta entre causa e efeito.

Segundo Edna Marturano, os resultados, ainda que estejam alinhados com a literatura internacional, estão longe de ser definitivos e precisam ser qualificados por meio de replicações sistemáticas que explorem fatores associados, como variáveis do contexto e de práticas pedagógicas.

"Consideramos como contribuição da pesquisa o fato de ela propiciar uma reflexão sobre a importância dos relacionamentos na educação infantil. Incluímos apenas alunos que estavam na escola há menos de um ano e que, portanto, tiveram de se adaptar a um ambiente estranho, com colegas e adultos desconhecidos", disse.

"Sabe-se que problemas relacionais detectados nessa fase tendem a se perpetuar nos anos do ensino fundamental. Cabe, assim, ao professor da educação infantil a importante tarefa de ajudar a criança nessa adaptação e ele precisa ser capacitado para a tarefa, por meio de formação teórico-prática específica", destacou.


Alex Sander Alcântara - Agência Fapesp

As aulas começaram!


Quando o período letivo de aulas inicia e as crianças começam a estudar, algumas delas podem sentir dificuldade em se adaptar ao novo ambiente num primeiro momento. Os novos professores ou os colegas novos, podem causar uma grande ansiedade, e nessa hora os pais tem de estar presentes para ajudar os filhos.

Novos Hábitos

Para se adaptar ao novo ambiente, os alunos terão que seguir novas regras de horário, além do convívio diário com professores que eles não conhecem e também os novos colegas, que eles terão de conquistar a amizade. Pela grande quantidade de novidades que esperam a criança, ela pode apresentar um comportamento de fazer birra para não entrar na escola, pelo pânico que a nova situação pode provocar nela. O papel dos pais nessa fase é amenizar os medos de seus filhos, para que eles consigam enfrentar essa nova etapa de vida com mais confiança.


Educação Infantil
Opinião de Especialistas

Segundo especialistas em psicopedagogia é muito importante que os pais demonstrem a confiança que eles tem na nova escola, para que a criança também possa sentir o mesmo. O filho deve entender que o novo local escolhido para ele estudar foi o melhor que os pais puderam fazer.Outra sugestão é mostrar as crianças que o medo e a ansiedade que sentem é normal, e elas vão com certeza superar essa fase de adaptação. Porém, para que isso aconteça é necessário que eles também se esforcem para conseguir gostar da nova escola. Os pais devem estar conscientes de que as crianças com menos idade não tem ainda muitos recursos emocionais para enfrentar as mudanças, pois quando estão longe de seus pais, tudo de novo que acontece as deixam inseguras. O que não acontece com tanta frequência em crianças maiores, pois elas tem mais maturidade e percebem melhor os fatos, sendo por isso mais fácil sua adaptação. Outra orientação é sempre preparar os filhos para as mudanças que vão acontecer na sua vida.


Escola Nova para Crianças
Chamar Atenção dos Pais


Para alguns psicopedagogos,as crianças podem apresentar esse comportamento, somente para chamar a atenção dos pais. Por isso se após os conselhos deles, a criança insistir em não querer ir até a escola, os pais terão que ir até lá com os filhos. Depois de algum tempo, os pais podem ir sem avisar para verificar como está a adaptação da criança. Se ela ainda não estiver bem, vale a pena conversar e explicá-la que não é possível haver mudança de escola no meio do período letivo. Segundo os especialistas em educação infantil, esse comportamento costuma ser somente uma fase que a criança consegue superar depois de algum tempo de convivência na nova escola. Porém, se ele permanecer por mais tempo é aconselhável que os pais consultem um psicólogo infantil para verificar se o problema de adaptação não é uma barreira emocional mais séria, que a criança não está conseguindo superar

Salete Dias.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Inquietude Infantil :Transtorno do Déficit de Atenção




Comportamento
Transtorno do Déficit de Atenção


(Transtorno do Déficit de Atenção com hiperatividade ou Distúrbio do déficit de atenção)

O que é?


O TDA/H Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade ou DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas e ambientais, que surge na infância e costuma acompanhar o indivíduo por toda a sua vida. Costuma acometer de 3 a 5% de crianças.

Sintomas


· Desatenção

· Inquietude

· Impulsividade

· Hiperatividade

· Dificuldade de concentração em atividades muito longas

· Distrai-se facilmente com estímulos externos como ruídos e movimentações

· Distrai-se com estímulos internos – “o pensamento voa”

· Erra muito por distração

· São esquecidas

· Não conseguem organizar seu material

· Dificuldade em planejar tarefas


Comumente, as crianças são taxadas de avoadas, dispersas, desinteressadas, “fora de órbita”, atrapalhadas e inquietas ao extremo, não param. São crianças que dificilmente aceitam regras, limites e o famoso “não”. Mudam constantemente de atividade, não conseguindo concentrar-se por muito tempo. Na idade adulta, este transtorno é associado a problemas como uso de drogas lícitas, ilícitas, além de depressão.

Um exemplo bastante elucidativo é dado pelo Dr. José Salomão Schwartzman, neurologista, especialista em neurologia infantil. Segundo ele é necessário observar o ambiente em que a criança, ou adulto, vive e sua interação nele, lembrando que o só se configura quando atrapalha as AVDs (atividades da vida diária).

“Imagine duas crianças hiperativas de nove anos de idade. A primeira, um menino, que mora no campo, lenhador que derruba um número bem maior de árvores por minuto do que a média e é campeão de seu estado nesta atividade. A segunda, uma menina japonesa que vive em um minúsculo apartamento cheio de peças de porcelana. Provavelmente esta precisará ser medicada, em função do contexto em que vive”.

TDA/H e o cérebro


Estudos mostram que os portadores do transtorno têm uma falha da conexão da região central orbital do cérebro com o restante dele. Essa área frontal é responsável pela inibição de comportamentos considerados inadequados. Há uma
alteração no funcionamento dos neurotransmissores e suas conexões.

Causas


· Hereditariedade

O aspecto genético em si não é responsável direto pelo transtorno, mas ele aponta para uma pré-disposição ao TDA/H. A proporção de portadores em famílias que apresentam o problema é de 2 a 10 vezes maior, o que aponta para a recorrência familiar. Essa predisposição genética envolve vários genes, que podem ocasionar diferentes níveis de atividade, com respostas diferentes em cada indivíduo.

· Problemas pré-natais (durante a gestação)

· Substâncias ingeridas na gravidez – Apesar de não definir uma relação direta de causa e efeito, estudos mostram que a ingestão de drogas e álcool durante a gestação pode causar alterações na região frontal orbital, o que aumenta a chance do bebê desenvolver o transtorno.

· Saúde materna – Aspectos como hipertensão ou diabetes por exemplo

· Idade materna

· Problemas perinatais (durante o parto até um mês de idade)

Estudos mostram que mães que passaram por algum problema ou trauma no parto tais como: toxemia, eclâmpsia, hemorragia, trabalho de parto demorado, têm mais chances de terem filhos portadores do TDA/H.

· Exposição a chumbo

Crianças que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas do TDA/H.

· Problemas Familiares

Alguns teóricos apontam os problemas familiares (discussões, baixa instrução dos pais, nível sócio econômico) poderiam causar o TDA/H, mas conclusões levam a crer que estes podem agravar, mas não causar o problema.

· Pré maturidade

· Pós maturidade

· Outras possíveis causas


Todas elas foram cientificamente testadas e nada se provou concretamente

· Corante amarelo

· Aspartame

· Luz artificial

· Deficiência hormonal (tireóide)

· Deficiências vitamínicas

Comorbidades (Quanto mais de uma patologia aparece ao mesmo tempo)

Em diversos distúrbios neurológicos, psicológicos e psiquiátricos, o diagnóstico é difícil, pois não é pontual, ou seja, não há um exame que detecte o transtorno. É um diagnóstico multidsisciplinar, onde vários especialistas são envolvidos para se chegar a um diagnóstico. Outro aspecto que dificulta o diagnóstico é a questão da comorbidade. O TDA/H aparece isoladamente em somente 31% dos casos. No restante, aparece uma ou mais patologias concomitantes o que muitas vezes pode levar a um diagnóstico errôneo. Em 34% dos casos aparece junto com transtornos ansiosos, em 40% com TDO (transtorno desafiador opositor), em 11% com tiques nervosos, em 4% com transtornos do humor, em 14% com transtornos de conduta. As comorbidades ultrapassam os 100% pois em muitos casos há mais do que 2 patologias envolvidas.

Diagnóstico

Há um guia de diagnóstico, extraído do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana, onde pais, cuidadores e educadores respondem a um questionário que analisa aspectos pertinentes ao dia-a-dia da criança. São analisadas questões a respeito de atenção, concentração, organização, agitação, dificuldades em seguir instruções, dentre outras. Depois são feitas diversas intersecções entre linhas e colunas analisando-se a incidência de cada aspecto. Tudo isso analisado por um especialista que é o único apto para dar o diagnóstico final.

As pessoas que apresentam TDA/H, crianças ou adultos, vivenciam muitas dificuldades em seu cotidiano. São pessoas que têm muita dificuldade em organizar seus materiais, em terminar tarefas planejadas. Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia-a-dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com TDA/H determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode deixar para depois.

Em conseqüência disso, quem TDA/H fica muito “estressado” quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com TODA/H acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo dele.

Assim, o portador fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras pessoas.

Tratamento


Medicamento
Há muita polêmica em torno da medicação do TDA/H. Têm-se falado que está ocorrendo um uso abusivo e indiscriminado dos medicamentos que podem auxiliar no tratamento do portador do TDA/H, que ao mesmo tempo em que auxiliam em problemas como o da concentração por exemplo, também têm muitos efeitos colaterais. Um aspecto importante é o de que nem todo o caso pode ser beneficiado com o medicamento. Aquele grupo em que o TDA/H aparece sozinho, sem comorbidades, pesquisas mostram que a medicação tem efeito muito bom, porém por um curto período de tempo. Por outro lado, quando há comorbidades é preciso tratar conjuntamente as outras patologias, sejam com medicamento e/ou terapia. Há pesquisas que mostram que a criança, muitas vezes, tem uma perda na estatura final. Por isso, muitos especialistas não recomendam o uso dos medicamentos em idade de crescimento.

Tipos de medicamentos mais utilizados


Metilfenidato – Ritalina, Ritalina LA e Concerta (1ª escolha)
Antidepressivos tricíclicos – Tofranil

Terapia
A terapia é muito eficiente em grande parte dos casos, principalmente aqueles onde encontramos comorbidades com distúrbios ansiosos e TDO (transtorno desafiador opositor).

Biofeedback (ou neurofeedback)

Uma novidade no tratamento está no biofeedback. A criança ou adulto é conectada a sensores e trabalhada em diversas atividades, como videogames, dependendo da dificuldade e da idade da criança. No caso de déficit de atenção por exemplo, quando a criança distrai-se, a atividade não é concluída e portanto não ganha os pontos. Ou seja, cada vez que o cérebro responde, corretamente ao estímulo esperado, recebe um reforço positivo. Esse tratamento é caro e longo. Para começar a dar resultados são utilizadas, pelo menos, de 20 sessões. O interessante neste caso é que o paciente vai assimilando e extrapolando suas reações para as atividades da vida diária. É um processo de aprendizagem, que depois de treinado, assimilado e bastante utilizado passa a facilitar a vida do paciente.

Outras ações


Escola família e professores


A escolha da escola é um fator fundamental para o trabalho com o TDA/H. É preciso que o professor conheça o distúrbio e juntamente com a escola e família tracem estratégias para adaptar o ambiente à criança.

O aluno com TDA/H precisa sentar próximo à professora, longe da janela, por onde muitos estímulos chegam. A sala de aula deve ser o mais “clean” possível. Tudo para evitar que a criança disperse.

Ao contrário do que se pensa, nas palavras da Dra. Ana Beatriz B. Silva, psiquiatra e especialista em medicina do comportamento, “o problema não é aquele que não presta atenção em nada, mas sim, aquele que presta atenção em tudo, o tempo todo”.

Para saber mais: http://www.tdah.org.br

Karen Kaufmann Sacchetto
Pedagoga
Especialista em Distúrbios de Aprendizagem
Mestranda em Distúrbios do Desenvolvimento

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ciúmes do irmãozinho !



A chegada de mais um membro na família pode deixar o irmãozinho mais velho inseguro, aguçando o ciúme. Antes, o mundo era só da criança maior, agora terá que ser dividido com um “novo intruso”, principalmente em relação à atenção dos pais.

A sensação de estar excluído é comum e esse sentimento pode causar uma contradição dentro da criança, que associa a chegada do bebê com a perda do posto de "rei da casa" e ao mesmo tempo deseja ser sua amiga.

A demonstração do ciúme pode variar de criança para criança. Algumas ficam desobedientes com choros e birras, outras se tornam agressivas com os pais ou com o irmãozinho mais novo. Tem também aqueles que regridem no comportamento, voltando a usar chupeta ou mamadeira e não controlando mais o xixi e cocô. Para completar a histeria, alguns “abandonados” voltam a falar infantilmente.

Essas são condutas que têm o único objetivo de chamar a atenção dos pais, tios e avós. É importante que os pais tenham paciência, pois o ciúme é uma reação emocional normal e tem que ser resolvido com muito diálogo e compreensão.

Mas o ciúme não é tão ruim como se pensa. A chegada do irmãozinho criará limites para o mais velho que aprenderá a viver em sociedade e desenvolverá de forma positiva seu relacionamento afetivo e social.

Para que o ciúme não se torne um sofrimento para a criança mais velha, a vinda do irmãozinho tem que ser esclarecida desde o começo da gravidez, dizendo que um nenê vai chegar e precisa de um espaço para dormir como ele, de roupas para não sentir frio, se alimentar no peito da mamãe como ele também fez e vai chorar muito, só podendo brincar depois que crescer, mas que poderá ajudar nos cuidados com o irmãozinho.

Alterações na rotina da criança maior, como ir para a escolinha ou mudança de quarto ou de quem cuidará dela, deverão ser feitas bem antes do nascimento ou depois da adaptação com o bebê. Assim as perdas não serão associadas com a chegada do irmãozinho.

Ao nascimento, não se descuide daquele que, até o momento, ocupava todos os espaços. Eleve a auto-estima da criança, potencialize suas qualidades e as vantagens de ser o mais velho. Atribuir-lhe responsabilidades sobre o irmão também ajuda na integração, já que se sente útil.

Assim que se sentir segura do amor dos pais, valorizada e integrada no novo ambiente familiar, o ciúme diminuirá e a aceitação do irmãozinho será natural. Os pais têm que demonstrar interesse pelas atitudes dos filhos. O diálogo é a melhor maneira de fazer a criança manifestar e entender as suas emoções, sentindo-se amada e respeitada tanto pelos pais quanto pelo irmãozinho.



Bruno Rodrigues

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Adaptação : Nova Escola




A adaptação a uma nova escola pode ser muito difícil para o seu filho. Entenda por que e saiba de estratégias que podem driblar possíveis traumas


Muitas famílias decidiram mudar seus filhos de escola. Sejam quais foram as razões, as crianças e os jovens podem vivenciar um período de insegurança e ansiedade. Digo podem porque não é uma regra absoluta. Cada pessoa é de um jeito e reage de forma diferente a uma mesma situação em razão das experiências que já viveu.

Curta bastante as férias com os filhos e depois comece a ajudá-los a se preparar para a nova escola. É sempre importante conversar, pois as palavras ajudam a dar um contorno às questões internas que nem sempre podem ser elaboradas de forma solitária. Como essa conversa será conduzida, depende evidentemente da idade da criança ou do jovem.

Fase e amizade

Em qualquer idade podemos nos ressentir por perder os amigos ou os professores queridos e pelo estranhamento do espaço, das rotinas e das normas específicas. Pode haver choro e tristeza. O acompanhamento de pais, professores e coordenadores é fundamental nesse momento. A ansiedade pode se manifestar de várias formas. Observe seu filho, veja se ele está se comportando da maneira como faz normalmente. Algumas crianças pequenas podem regredir no que já haviam conquistado: voltar a fazer xixi na cama, roer unhas e fazer birras. Aí a continência afetiva é necessária. Adolescentes podem exagerar na sua dose de rebeldia, o que exige segurança e sustentação por parte dos familiares.

Um dos aspectos mais difíceis, ou talvez o mais difícil, se refere às amizades. As crianças maiores que já estabeleceram laços de amizade podem ficar muito tristes e deprimidas, com a sensação de que o mundo vai acabar. É bom conversar com elas e estabelecer um princípio de realidade: quem é realmente amigo?, quem é colega?, quais amizades quer mesmo manter? Puxe pela memória e relembre como aquela amizade se deu. Ajude a criança a perceber que a amizade se constrói na convivência e também na disponibilidade de investimento pessoal na manutenção desse vínculo. Assegure a ela que pode telefonar, compartilhar coisas interessantes da construção de novas amizades que se formarão e também da própria escola. Se puder, garanta que as crianças se visitarão. Faça com a criança uma agenda com o endereço completo e o telefone dos amigos, incentive-a a mandar um cartão de vez em quando e ensine-a como as amizades se constroem e são preservadas.


Estratégias

Sobre a nova escola podemos pensar em diferentes estratégias para ajudá-los neste período a se aproximar dela. Seguem algumas sugestões:


- Converse sobre a nova escola, procure saber o nome da professora. No caso da Educação Infantil ela será a principal referência da criança.


- Instrua seu filho a procurar ajuda, sempre que precisar: professores ou coordenadora pedagógica. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Afinal, todos precisam de colaboração para poder se integrar.


- Se tiver formulários ou fôlderes da escola, releia-os com as crianças, relembre as razões da escolha e ressalte os aspectos positivos que mais chamam atenção. Evite falar o que desconhece para não criar falsas expectativas.


- Se a criança for passar da fase de professor polivalente para a de diversos professores de várias disciplinas, ela precisará de mais ajuda ainda, quanto a horários, agenda, materiais, cadernos específicos e, quando as aulas começarem, às tarefas de casa de cada matéria. (Leia a matéria "5 dicas para ajudar seu filho na entrada do 6º ano")

Diferentes ambientes

Na escola, conhecer os diferentes ambientes, as pessoas com as quais a criança vai conviver e a divisão de salas também ajuda. Mais perto do início das aulas, vá organizando as coisas, monte o cardápio do lanche, leve-a às compras de material escolar. Combine como será a nova rotina e planeje fazer alguma coisa juntos na volta da escola.


Se a criança estiver na Educação Infantil e quiser levar um objeto de casa para a escola, deixe. Pode ser importante para ela durante o período de adaptação. Chupetas, paninhos ou brinquedos prediletos auxiliam no processo de separação por criar um campo de transição entre a casa e a escola.


A família precisa ter um pouco de paciência e suportar momentos de resistência ou contraposição até que novos vínculos sejam formados e a adaptação realmente aconteça.

*Cisele Ortiz é psicóloga e coordenadora adjunta do Instituto Avisa Lá - Formação continuada de educadores.