quarta-feira, 7 de março de 2012

Gritar com as crianças: NÃO!


Quando os gritos viram rotina
Comunicação, respeito, obediência...
Quando um desses fatores falha, normalmente se ultrapassa o limite do bom senso e os pais procuram lançar mão de um recurso muito inadequado na educação das crianças, que é o GRITO.
Ultrapassar o autocontrole uma vez ou outra devido a alguma travessura da criança é até compreensível, afinal nem sempre a paciência está num bom nível.

O problema é quando os gritos passam a fazer parte do repertório comportamental dos pais e acabam virando rotina.
Das primeiras vezes que a criança ouve os gritos, juntamente com as ameças de castigo ou surras, ela até se sente intimidada, afinal não está acostumada com isso. Porém, conforme vai ouvindo, vai naturalmente se acostumando e consequentemente os gritos deixam de surtir o efeito desejado (a obediência), fazendo com que os pais tenham que gritar cada vez mais alto e com mais frequencia, gerando assim um grande desgaste emocional, abalando diretamente o relacionamento familiar.

A criança pequena desafia os pais o tempo inteiro, naturalmente está buscando limites, precisa sempre testar os pais para saber até onde pode ir. O problema é que na maioria das vezes os pais não sabem como definir esses limites e um grande erro que cometem é demonstrar a elas que não estão sabendo como agir. Exemplo:


"Eu não sei mais o que fazer com você!"

"Você vai me deixar louco (a)!"

E então os gritos passam a fazer parte da rotina:

"JÁ MANDEI VOCÊ ESCOVAR OS DENTES QUANTAS VEZES?!"
"VAI JÁ FAZER A LIÇÃO DE CASA!"
"JÁ FALEI PRA PARAR DE MEXER NAS MINHAS COISAS!"

Geralmente os gritos vem acompanhados de algum tipo de xingamento, demonstrando toda a raiva do momento.

Recuperar a voz de autoridade é um grande desafio para os pais. Eles chegam ao consultório completamente desprovidos de confiança em si mesmos, confusos, muitas vezes perdidos em suas atitudes e da maneira como se sentem, agem, com atitudes que não condizem com seu amor pela criança. O ideal é não deixar a situação chegar nesse ponto, a prevenção é sempre o melhor caminho a seguir. O valor do respeito deve ser ensinado desde cedo.


Dicas:

Fale com autoridade e firmeza na voz, olhando nos olhos da criança.
Diga que não vai aceitar que ela não obedeça (para os casos do comportamento inadequado já estar instalado)
Não diga que vai contar para o pai (ou para a mãe) o que ela aprontou quando ele(a) chegar do trabalho pois dessa maneira você mesmo está tirando sua autoridade.
E principalmente não use as "profecias autorealizáveis" tais como:

(Entre parênteses, o suposto pensamento infantil)

"VOCÊ NUNCA ME OBEDECE!"
(Eu nunca obedeço mesmo)
"VOCÊ SEMPRE FAZ TUDO ERRADO!"
(Se ela está dizendo que faço tudo errado é porque faço mesmo)
"QUANTAS VEZES EU TENHO QUE FALAR PRA VOCÊ ME OBEDECER?"
(Ah não sei, pode ser umas 10 vezes?)
"VOCÊ SÓ OBEDECE NA BASE DO GRITO!"
(Então tá, vou esperar os gritos pra obedecer)
"VOCÊ NÃO TEM JEITO MESMO, SÓ BATENDO!"
(Só tenho jeito se apanhar mesmo)
"EU QUERO VER VOCÊ APRONTAR DE NOVO!"
(Então mamãe/papai quer que eu apronte de novo? É isso?)

Com amor, fé e paciência, acredite que é capaz de fazer o melhor possível pela sua criança amada.

. AMOR E LIMITES NA MESMA MEDIDA .
. CONFIANÇA E PERSEVERANÇA .



Bianca Panini

Psicóloga Clínica CRP 03/03473

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